Fumaça é ameaça constante sobre Manaus e prejudica saúde da população

Cassandra Castro

Olhos e garganta coçando, nariz sangrando devido ao ressecamento, sintomas que agora fazem parte do cotidiano dos manauaras que enfrentam além da estiagem extrema intensificada pelos efeitos do fenômeno El Niño, o drama de terem que conviver com uma fumaça cada vez mais constante sobre a cidade e até municípios vizinhos.

O mês de outubro já foi dramático e o início de novembro também tem registrado a concentração de fumaça na capital amazonense. Uma ironia cruel para quem vive na cidade cercada pela floresta e rios também vítimas da seca histórica e de outros fatores climáticos.

Queimadas na Região Metropolitana de Manaus acentuaram o problema/foto: Ariadne Castro

Satélites de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitoram os focos de queimadas na Amazônia, mostram a grande contribuição de incêndios florestais no Estado do Pará, próximo à região do Baixo Amazonas, na intensificação da fumaça sobre Manaus desde o fim de outubro, quando a qualidade do ar na cidade voltou a ficar comprometida.

De acordo com o Inpe, de 26 de outubro até o dia 3 de novembro, 5.305 focos foram registrados no estado do Pará e, em menor intensidade, na Região Metropolitana de Manaus (RMM), onde no mesmo período foram registrados 149 focos.

O chamado material particulado em suspensão trazido pelo fluxo de ventos até a Região Metropolitana tem encontrado dificuldades para se dispersar devido à ausência de chuvas e ao calor intenso na região.


“Podemos verificar por imagens dos satélites que todos os municípios, que sofrem influência do Rio Amazonas, que serve como um corredor de fluxo de ventos, até chegar a Manaus, têm sido impactados pela fumaça mesmo sem ter focos de incêndios registrados”, explicou o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira.

Ferramenta monitora qualidade do ar em tempo real

Um projeto mundial monitora a qualidade do ar em mais de 130 países, incluindo o Brasil.  É o Índice Mundial de Qualidade do Ar que teve início em 2007 e é uma iniciativa sem fins lucrativos que é viabilizada por meio de parcerias.  Em Manaus, a qualidade do ar é monitorada por cerca de 12 estações que medem a poluição do ar e o índice de qualidade do ar em tempo real (IQA). Qualquer pessoa pode colaborar com informações ou consultar estas informações acessando os sites aqicn.org e waqi.info

Período chuvoso deve começar só em dezembro

De acordo com levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a estação chuvosa no Amazonas, em 2023, está prevista para iniciar no mês de dezembro, podendo ainda ser afetada pela continuidade do El Niño, reduzindo o desenvolvimento vertical de nuvens e os volumes de precipitação, o que pode resultar em um período de chuvas abaixo da climatologia da região.

Cuidados com a saúde

A constante fumaça sobre Manaus fez com que as autoridades da saúde orientassem a população para que adotem cuidados essenciais para enfrentar a propagação de fumaça intensa no estado, como afirma o secretário de Saúde do Amazonas, Anoar Samad. “A orientação é sobre as melhores práticas e cuidados essenciais que a população pode tomar para minimizar os impactos da exposição à fumaça, garantindo assim o bem-estar das famílias durante esse período”.

Secretário de Saúde do Amazonas orienta pessoas sobre cuidados para minimizar efeitos da fumaça sobre a saúde/foto: Douglas-Santos_SES-AM

Para aqueles que precisam sair para áreas abertas, o uso de máscaras tipo N95/PFF2 ou P100 pode oferecer proteção adequada, principalmente para pessoas com fatores de riscos e doenças crônicas.

Além disso, a adoção do uso de purificadores de ar com filtros Hepa e umidificadores podem ajudar a reduzir as partículas no ambiente interno. Eles também podem ser utilizados para o alívio dos sintomas de irritação em olhos, nariz e garganta.

Trabalho de prevenção e combate

De acordo com o Governo do Amazonas, desde o mês de março deste ano, estão sendo feitas ações nos municípios do sul do estado e na Região Metropolitana de Manaus no combate aos focos de incêndio. Além da Operação Tamoiotatá, estão em plena atuação as Operações Aceiro e Céu Limpo e, desde o dia 11 de outubro, houve a intensificação da presença de forças ambientais e de segurança pública no combate aos focos de queimada na RMM.

Como resultado, os focos de calor caíram de 675 – registrados de 1º de outubro a 10 de outubro -, para 194 focos – registrados a partir do dia 11 de outubro até a última quinta (02/11). Pequenas formações de chuva sobre a região também têm ajudado na redução desses focos.

De acordo com os dados mais recentes divulgados no Boletim Estiagem do Governo do Amazonas nessa segunda-feira, 6, no alerta mensal de focos de calor no Amazonas, o número registrado até agora no mês de novembro é de 116.

By emprezaz

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