Após 11 dias de buscas e de investigação, a força-tarefa formada por órgãos de segurança e defesa encarregada de identificar o paradeiro do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips pelo Vale do Javari, no oeste do Amazonas, localizou os corpos. A dupla realizava uma apuração jornalística na região. As agências também conseguiram localizar a lancha utilizada na fuga dos assassinos Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo ‘Pelado’ da Costa Oliveira.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o depoimento de Amarildo foi a principal fonte para dar fim aos onze dias de busca. Ele e seu irmão Oseney foram autores confessos do assassinato, que sucedeu uma série de ameaças contra Bruno Pereira. O indigenista já havia cruzado com os dois em momentos anteriores na região, onde flagrou os irmãos realizando pesca ilegal. A perícia da PF também localizou sangue na lancha de Amarildo.
A confirmação da morte de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips gerou revolta entre movimentos sociais. A organização não-governamental WWF, especializada na defesa do meio ambiente, considerou o episódio como uma consequência do descaso do governo com a gestão da Amazônia. “O nível de violência aplicada a Bruno e Dom explicita como a Amazônia está à mercê da lei do mais forte, sob a qual a brutalidade é a moeda corrente. Isso eleva nossa indignação com a situação na qual os povos da floresta e seus defensores foram deixados pelo Estado brasileiro”, declararam em nota.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) destaca que “soma à uma recente escalada de violência marcada por inadmissíveis ameaças contra indígenas, comunidades tradicionais, lideranças ambientais, cientistas, jornalistas e demais pessoas que trabalham pela na proteção e o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
Já a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari agradeceu publicamente às agências que participaram das buscas, mas ressalta que o trabalho ainda não está encerrado. “Pelado e Dos Santos fazem parte de um grupo maior, nós sabemos. Manifestamos nossa preocupação com nossas vidas, a vida das pessoas ameaçadas (pois não era somente o Bruno Pereira), componentes do movimento indígena”. O movimento teme que, com a saída das agências e dos veículos de imprensa, grupos criminosos retornem à região.
Fonte: Congresso em foco