Cassandra Castro
Um convite ao engajamento mundial em defesa da natureza e à prática do desenvolvimento sustentável. O Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela Organização das Nações Unidas em 1972 é comemorado anualmente em 5 de junho. Nunca foi tão urgente encarar de frente os desafios de proteger e respeitar a biodiversidade do planeta.
Nos últimos anos, a terra tem dado sinais de que algo está errado e as consequências são vistas pelos quatro cantos do mundo: secas, enchentes, temperaturas elevadas a patamares nunca antes registrados pelos cientistas.
No Brasil, as mudanças climáticas têm resultado em desastres ambientais com impactos que, em menor ou maior grau, vão transformar a realidade de milhares de pessoas.
Em 2023, estados da região Norte foram castigados por fenômenos distintos. No Acre, a enchente deixou vários municípios do interior e também a capital, Rio Branco, alagados. No Amazonas, a estiagem extrema mudou a paisagem do estado e trouxe transtornos como a mortalidade de botos, o isolamento de comunidades e a paralisação de atividades econômicas, como o turismo. Além da seca, o estado precisou enfrentar as queimadas ilegais que chegaram a cobrir de fumaça a capital, Manaus.
Em 2024, a enchente castigou novamente o Acre e deixou famílias inteiras desabrigadas em Rio Branco, além dos prejuízos no interior do Estado. O ano também entra para a história dos desastres climáticos com as inundações no Rio Grande do Sul, uma face perversa do resultado da união de fenômenos naturais com as ações do homem.
Mesmo com iniciativas pontuais dos governos federal e dos estados e municípios, especialistas apontam que são necessárias ações coordenadas entre as diversas esferas de poder e uma participação mais engajada da sociedade civil.
De acordo com um levantamento do Centro Brasil no Clima (CBC) que é periodicamente atualizado, o país possui instrumentos e ações de enfrentamento às mudanças climáticas, mas esbarra em questões como falta de recursos específicos para esta área em muitos estados, de capacidade institucional para implementar as iniciativas e de um trabalho coordenado entre todas as unidades da federação.
Segundo o CBC, dos 27 estados brasileiros, 14 ainda não elaboraram planos estaduais de mudanças climáticas. Analisando a existência ou desenvolvimento de Planos setoriais estaduais como Programas de Conservação; Mapa de Vulnerabilidade; Inventário GEE, entre outros, alguns estados da Amazônia Legal têm feito a lição de casa como é o caso do Acre, Tocantins e Mato Grosso que possuem ações em andamento ou em atualização e complementação e também, em processos previstos ou em elaboração.
A implementação de ações voltadas para o enfrentamento às Mudanças Climáticas exige um comprometimento amplo e coordenado entre os estados, afirma o diretor executivo do Centro Brasil no Clima, Guilherme Syrkis. “É urgente a criação de parcerias técnicas para a elaboração de inventários e uso de plataformas públicas de registro de emissões, a Plataforma ClimaAdapt, que já existe, divulga estudos e informações sobre Vulnerabilidade e adaptação a fim de apoiar o poder público no planejamento. Os estados subnacionais precisam de recursos e iniciativas ligadas à governança para investir na prevenção de desastres a partir da elaboração de planos de adaptação. Atualmente, segundo o levantamento realizado pelo nosso time, apenas, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul contam com ações mais amplas neste sentido”.
“ Preservar o meio Ambiente é salvar vidas”, afirma ministra
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente e destacou a importância do engajamento e da solidariedade da sociedade para evitar que tragédias climáticas se repitam.
“Com o aumento da temperatura global, o mundo está vivenciando os gravíssimos efeitos dos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e severos. No Brasil, a intensificação de deslizamentos, inundações, secas, processos de desertificação anunciam dias difíceis, sobretudo para as famílias mais vulneráveis”, disse.
Marina também falou que está sendo concluída a atualização da Estratégia Nacional de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima, que será um Plano Nacional para o Enfrentamento da Emergência Climática. Focado, principalmente, nos municípios e áreas de maior risco, o plano vai estruturar a capacidade do governo para lidar com o pré-desastre, fortalecendo ações de análise de risco, prevenção e preparação.