O Instituto Mamirauá e a Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, concluíram a instalação de 22 módulos do Projeto Providence, cuja tecnologia inclui técnicas avançadas de inteligência artificial aplicadas a análises de som e imagem, que estão continuamente identificando e rastreando a biodiversidade da floresta amazônica no 1,12 milhão de hectares de floresta protegida da Reserva Mamirauá
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RSDM) ou, simplesmente Reserva Mamirauá, foi fundada em 1996 por José Márcio Corrêa Ayres, laureado com o Rolex Awards de 2002, abrangendo 1,12 milhões de hectares. Mamirauá foi a primeira a integrar comunidades indígenas em todas as decisões de manejo, e converter uma reserva natural em um habitat da floresta tropical, onde a conservação e as atividades humanas são equilibradas.
O Projeto Providence começou em 2016, quando o primeiro protótipo de um módulo foi desenvolvido e testado na reserva. A ideia original do projeto, era combinar o mais recente desenvolvimento das técnicas de laboratórios de inteligência artificial, para analisar automaticamente sons biológicos em tempo real, com imagens de armadilha de câmera. O conceito de um módulo do Providence nasceu. Seu objetivo é implantar no total 1.000 equipamentos para monitorar toda a floresta amazônica até o ano de 2025.
“Uma das maiores preocupações dos cientistas em todo o mundo é a perda da biodiversidade e a extinção das espécies. Uma avaliação precisa da biodiversidade de uma área como a Amazônia, é essencial para ajudar a combater a perda potencial da vida selvagem”, observa Emiliano Ramalho, diretor técnico-científico do Instituto Mamirauá.
“Estamos coletando dados de sensores acústicos (para animais subaquáticos, bem como terrestres, como pássaros, sapos e macacos), imagens visuais, dados ambientais (vento, temperatura, umidade, pressão do ar) e até imagens térmicas. Os animais de interesse fundamental nas fases de teste são uma variedade de espécies, incluindo onças, macacos, morcegos, aves, répteis, golfinhos de rio e peixes”, acrescenta Emiliano.
O professor da UPC Michel André declara que o monitoramento da vida selvagem com acústica passiva subaquática é uma tecnologia fundamental neste projeto: “Novos desenvolvimentos de sensores e aumento de energia em módulos de processamento, originalmente desenvolvidos para complexos ecossistemas oceânicos subaquáticos, agora são aplicados à conservação de animais terrestres e aquáticos pela primeira vez em um ambiente de grande escala como a Amazônia”.
“Um dos nossos maiores desafios, é lidar com uma transmissão ao vivo de dados contendo sons e imagens de um enorme número de animais conhecidos, e provavelmente várias espécies desconhecidas, desde os menores insetos até as onças. Essa biodiversidade única de sons será transmitida online para que a comunidade científica e o público em geral possam acompanhar nosso progresso em tempo real a partir do conforto de sua sala de estar”, diz o professor André.
“A integração das tecnologias envolvidas no projeto Providence revolucionará a forma como monitoramos a biodiversidade em florestas tropicais ao redor do mundo”, afirmam os cientistas.
Emiliano Ramalho e Michel André concluem: “O Providence possibilitou, pela primeira vez, a criação de um sistema preciso de registro e avaliação do status da biodiversidade dessa região na Amazônia, e forneceu um sistema de alerta, alertando para qualquer mudança que pudesse ameaçar seus incríveis habitantes da vida selvagem”.
O Projeto Providence é financiado pela Fundação Gordon e Betty Moore desde 2016, com o apoio da Rolex como parte de sua iniciativa Perpetual Planet, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil (MCTI) e da DENSO Industrial da Amazônia LTDA.
Com Informações do site do Instituto do Desenvolvimento Sustentável Mamirauá