(*) Eduardo Galvão
Em São Paulo, a organização sem fins lucrativos Formigas-de-Embaúba tem se destacado ao implementar programas de educação ambiental que envolvem a plantação de mini-florestas em escolas públicas. Este projeto, que já capacitou mais de 1.500 alunos para plantar mais de 2.000 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, não só educa sobre a importância da biodiversidade, mas também transforma os terrenos escolares em salas de aula ao ar livre. As mini-florestas criam corredores de biodiversidade, absorvem carbono e ajudam a reduzir a temperatura local, melhorando o bem-estar da comunidade escolar e local.
Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, um projeto de educação ambiental não formal tem sido realizado há mais de 20 anos em escolas de regiões vulneráveis. Esse projeto envolve atividades práticas como jardinagem e caminhadas ecológicas, que ajudam os alunos a desenvolverem habilidades práticas e éticas ambientais. Essas atividades não só melhoram o conhecimento dos estudantes sobre questões climáticas e sustentáveis, mas também os incentivam a se envolverem ativamente em desafios socioambientais locais, promovendo uma transformação sustentável na comunidade.
Em um mundo com tantas mudanças, as questões ambientais ganham cada vez mais relevância, o Brasil dá um passo significativo para enfrentar os desafios globais de sustentabilidade com a sanção da nova Política Nacional de Educação Ambiental. A lei 14.926/2024, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um marco para uma transformação necessária na maneira como educamos nossas crianças e jovens sobre o meio ambiente.
A nova lei surge em um momento crítico, onde o impacto das mudanças climáticas e a perda de biodiversidade se tornaram temas centrais na agenda global. Essa medida é essencial para preparar a sociedade para uma nova realidade. A proposta, originalmente apresentada pelo deputado federal Luciano Ducci, visa integrar a educação ambiental de forma interdisciplinar nos currículos escolares, desde a educação básica até o ensino superior.
Alinhando Educação e Sustentabilidade
Imagine uma sala de aula onde, além de matemática e português, as crianças aprendem sobre a importância da preservação dos biomas brasileiros, as ameaças das mudanças climáticas e as práticas sustentáveis. É exatamente isso que a nova Política Nacional de Educação Ambiental propõe. A partir de 2025, as escolas brasileiras terão a responsabilidade de incluir temas como mudanças climáticas e biodiversidade em seus currículos, preparando as futuras gerações para enfrentar os desafios ambientais com conhecimento e ação.
Essa mudança não é apenas curricular, mas cultural. Estamos falando de formar cidadãos conscientes, capazes de entender a complexidade dos problemas ambientais e engajados em soluções sustentáveis. A juventude de hoje, que aprenderá na escola a importância da questão ambiental, será a responsável por salvar o planeta.
A nova Política Nacional de Educação Ambiental não trabalha isoladamente. Ela se alinha com outras políticas governamentais, como a Política Nacional do Meio Ambiente e a Política Nacional sobre Mudança do Clima, criando uma sinergia que potencializa os esforços de sustentabilidade no país. A educação para o meio ambiente é uma tarefa deste século, integrando economia e ecologia como uma mesma equação.
Esse alinhamento é crucial para que o Brasil possa se posicionar como uma potência agrícola e florestal, industrial e hídrica, protegendo ao mesmo tempo seus recursos naturais e povos indígenas. A educação ambiental, portanto, não é apenas um objetivo educacional, mas uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o país.
Implementação e Desafios
A implementação das novas diretrizes exigirá um esforço conjunto de diversas partes interessadas, desde o governo até as escolas e comunidades locais. As instituições de ensino terão 120 dias para se adaptarem às novas diretrizes, desenvolvendo ações, estudos e experimentações que assegurem a efetividade das práticas educadoras relacionadas ao meio ambiente.
Entre as ações destacadas pelo Ministério da Educação estão a produção de conteúdos sobre mudanças climáticas, a realização da VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente e a assinatura de acordos internacionais para a criação de materiais pedagógicos sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Essas iniciativas demonstram o compromisso do Brasil em formar uma geração preparada para os desafios ambientais do presente e do futuro.
A sanção da nova Política Nacional de Educação Ambiental é um marco na história do Brasil. É um passo audacioso e necessário para enfrentar os desafios de ESG (Environmental, Social, Governance) que se apresentam no século XXI. Com uma educação ambiental robusta e integrada, o Brasil prepara suas futuras gerações para serem agentes de mudança, capazes de construir um futuro sustentável.
Ao transformar a educação, transformamos a sociedade. E é essa transformação que permitirá ao Brasil liderar a luta global pela sustentabilidade. Cada aula, cada projeto, cada ação prática é uma semente plantada. A mudança começa nas pessoas.
(*) Coordenador do MBA em ESG do Ibmec DF.