Redação Planeta Amazônia
O trecho do Rio Negro que passa por Manaus (AM) atingiu, na manhã desta sexta-feira (4/10), o menor nível em 122 anos de medição, conforme os dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB). A cota chegou a 12,66 metros, batendo a marca de 12,70 metros, registrada em 27 de outubro de 2023.
A seca severa na região tem provocado baixas históricas em vários rios da Bacia do Rio Amazonas. Em média, entre agosto e outubro, o Rio Negro tende a reduzir em torno de 13 centímetros por dia, em razão da estiagem. Este ano, os números diários estão acima disso, com uma média de 19 cm. O pico foi atingido no dia 16 de setembro, quando a redução, em 24 horas, chegou a 26 cm.

De acordo com a pesquisadora em geociência do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jussara Curi, o ritmo de vazante do Negro vai diminuir nos próximos dias, mas deve continuar em recessão por , ao menos, duas semanas. A pesquisadora disse ainda, que para que haja uma mudança no atual cenário de seca, é preciso que chova acima de 30 milímetros nas cabeceiras dos grandes rios, o que deve ocorrer somente a partir da segunda quinzena de outubro.
Jussara atribui as extremas vazantes de 2023 e 2024 aos efeitos do fenômeno El Niño, que causa estiagens prolongadas em várias regiões da Terra.
O Rio Negro percorre mais de 1,3 mil km do território brasileiro. Ele é considerado o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas. O nível atual corresponde a menos da metade do maior nível atingido por ele nas cheias, até então, que foi de 30 metros, em junho de 2021.
Seca histórica na Bacia do Rio Amazonas
Só no estado do Amazonas, segundo o último boletim da Defesa Civil, quase 750 mil pessoas já foram impactadas pela seca. O quadro, porém, não se restringe ao local. Outros estados do Norte do Brasil vivenciam o mesmo, com reduções históricas em rios, como: Madeira, em Rondônia, Tapajós, no Pará, e rio Acre, no Acre.