(*) Irmã Rose Bertoldo
Em um mundo onde a dignidade humana continua a ser violada de forma alarmante, o tráfico de pessoas segue como uma das mais graves violações dos direitos humanos. No Brasil, apenas em 2024, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, registrou-se 1 caso de tráfico humano por dia, um dado estarrecedor que evidencia a urgência de medidas efetivas de combate e prevenção. O Ministério catalogou, de 1° de janeiro a 7 de abril, 98 violações relacionadas ao tráfico humano no país.
Desde 2015, o Papa Francisco instituiu Santa Baquita como padroeira das vítimas do tráfico humano, promovendo o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, celebrado anualmente em 8 de fevereiro. Em 2024, o tema “Embaixadoras da Esperança” reforça a necessidade de engajamento da juventude e de todas as pessoas envolvidas na prevenção desse crime.
Mesmo diante do trabalho intenso de prevenção e acolhimento, a subnotificação de casos de tráfico de pessoas no Brasil ainda é uma realidade preocupante. As estatísticas oficiais registram maior número de resgates em situações de trabalho escravo, mas outras formas de exploração, como a sexual, o tráfico de órgãos e o trabalho infantil doméstico, são extremamente invisibilizadas.
Um dos grandes entraves na erradicação do tráfico humano é a falta de prioridade na investigação desses crimes. Muitas denúncias não são devidamente apuradas, o que permite que os criminosos continuem explorando pessoas impunemente. A responsabilidade de averiguar as denúncias cabe às autoridades policiais, mas infelizmente, nem sempre essas investigações são levadas com a seriedade necessária.
Apesar dos desafios, a luta continua. Nós persistimos porque acreditamos que o conhecimento e a prevenção são armas poderosas contra o tráfico de pessoas. Precisamos alertar e conscientizar para evitar que mais pessoas caiam em redes de exploração disfarçadas de falsas oportunidades.
A luta contra o tráfico humano exige a participação de toda a sociedade. Denunciar casos suspeitos é fundamental para o enfrentamento desse crime. Qualquer pessoa pode denunciar situações de tráfico de pessoas pelos canais oficiais, como o Disque 100 (Direitos Humanos) e o Disque 180.
No 11º Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, celebrado em 8 de fevereiro de 2024, a mensagem principal é de esperança e ação. “O tráfico humano fere a dignidade humana de maneira irreparável. Por isso, oramos, mas também agimos. Precisamos somar forças para erradicar essa violência.
(*) Membro do Grupo de Mulheres da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) e secretária executiva do Regional Norte I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
