Redação Planeta Amazônia
Durante a sessão ordinária desta terça-feira (8), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) ressaltou a formalização de um termo de cooperação entre o Ministério dos Transportes do Brasil e a estatal ferroviária chinesa para estudar a viabilidade da Ferrovia Bioceânica. O parlamentar classificou o projeto como uma oportunidade transformadora diante dos desafios logísticos históricos enfrentados pelo estado.
Segundo Magalhães, a proposta de conectar o Atlântico ao Pacífico por meio de uma ferrovia que atravessaria o Acre ganha força no atual cenário geopolítico mundial, especialmente diante das disputas entre Estados Unidos e China.
“Essa ferrovia vai passar pelo nosso estado, não porque acreditamos nela, mas porque a disputa mundial exige isso,” afirmou. “O canal do Panamá virou alvo de disputa comercial, e a alternativa mais viável é o corredor bioceânico passando pelo Acre.”
Conexão interoceânica e avanços estruturais
O deputado lembrou que o projeto não é novo — ainda nos anos 2000, um acordo entre o então presidente Lula e o presidente do Peru, Alan García, já buscava a ligação interoceânica. Hoje, a construção do Porto de Chancay, no Peru, com investimento superior a 3,5 bilhões de dólares, reforça o avanço da iniciativa.
“Esse porto só faz sentido se estiver conectado com a ferrovia. Ele foi projetado para receber minérios, commodities e produtos industrializados, reduzindo em até 12 dias o tempo de transporte até a Ásia,” explicou Magalhães.
ZPE como peça estratégica
Para o deputado, o Acre precisa se preparar para aproveitar a oportunidade. Ele defendeu a retomada de políticas industriais e o fortalecimento da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Rio Branco.
“Já temos o porto em operação. O que falta é garantir transporte mais barato com a ferrovia. A velha ZPE, que ajudei a alfandegar, pode finalmente cumprir sua vocação,” declarou.
Integração global e papel do Legislativo
Edvaldo Magalhães concluiu afirmando que o estado vive uma chance rara de se integrar ao mercado global, e que a Assembleia Legislativa e o governo estadual devem estar à altura do desafio.
“Mesmo com os desacertos do governo, se houver compreensão política desta Casa, essa pode ser a maior oportunidade da nossa geração,” finalizou.