Redação Planeta Amazônia
A Galeria do Largo, localizada no centro histórico de Manaus, inaugurou na noite de sexta-feira (11), a exposição “Um Mergulho entre Mundos”, realizada pelo Estúdio Buriti. A mostra imersiva convida o público a explorar diferentes dimensões físicas e espirituais da Amazônia por meio da arte contemporânea.
Com entrada gratuita, a exposição está aberta à visitação de quarta a domingo, das 15h às 20h, na rua Costa Azevedo, 290, Largo de São Sebastião. O projeto conta com apoio do Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC).
Sob curadoria de Rafa Pimentel, a exposição reúne trabalhos de artistas parintinenses — como Dayane Cruz Pimentel, Erleson Souza Ferreira, Juan Carvalho da Silva, Renan de Oliveira, Levi Gama e Diogo Trindade — e da artista paraense Kamy Wará, indígena do povo Sateré-Mawé.

Entre os destaques está o mural “Abissal Profundo”, do estilista Erleson Souza, que aborda a ancestralidade negra na Amazônia e o apagamento histórico de povos afro-amazônicos. “A expectativa é que o público, especialmente pessoas negras, se identifique com a obra e veja nela um reflexo de sua história”, afirma o artista.
Já Juan Carvalho apresenta “Rio Andirá”, obra que retrata o rio como uma entidade feminina e divina. Segundo o artista, o projeto é uma extensão dos murais realizados nas comunidades de Matupiri e Ponta Alegre pelo coletivo Mitográfico.
O artista Diogo Trindade explora a espiritualidade ribeirinha ao representar o rio por um pirarucu acompanhado dos chamados “bichos do fundo” — seres protetores do ecossistema aquático. Na mesma vertente, Levi Gama, indígena Kokama, propõe um mural sobre o processo de cura dos Sacacas, guiado por entidades espirituais amazônicas.

A exposição também traz “Sob o Luar”, de Renan Oliveira, obra que enaltece o corpo feminino por meio da metáfora da vitória-régia. E em parceria, Dayane Cruz e Kamy Wará apresentam uma pintura que resgata o mito do guaraná sob a ótica indígena do povo Sateré-Mawé, valorizando os grafismos tradicionais e a oralidade como forma de resistência e memória.
“A proposta é transportar o visitante para uma jornada sensorial, incluindo sons ambientes influenciados pela natureza, como os da artista Gabi Farias”, explica o curador Rafa Pimentel.

“Um Mergulho entre Mundos” destaca elementos da cultura amazônica e promove reflexões sobre ancestralidade, identidade, espiritualidade e resistência — estabelecendo um diálogo entre tradição e expressão artística contemporânea.