Redação Planeta Amazônia
A Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), reunirá líderes mundiais, pesquisadores, organizações da sociedade civil e representantes de governos para debater estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas. O foco será a redução das emissões de gases de efeito estufa e a criação de mecanismos de financiamento para que países em desenvolvimento possam realizar sua transição energética. Estão confirmadas 143 delegações entre os 198 países signatários dos tratados internacionais sobre o clima.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), referência mundial em estudos sobre biodiversidade, ecossistemas e mudanças climáticas, terá papel central nas discussões. Segundo o diretor do instituto, Henrique Pereira, a principal contribuição do Inpa à posição brasileira nas negociações é o fornecimento de estudos sobre a interação entre floresta e clima. “Como maior organização científica dedicada ao estudo das florestas tropicais, o Inpa subsidia as autoridades brasileiras com informações sobre o papel da Amazônia no equilíbrio climático global e sobre os efeitos das mudanças do clima na biodiversidade”, afirmou.
Atuação em múltiplos espaços
O Inpa participará de atividades na Zona Azul, restrita a negociadores, e na Zona Verde, voltada à sociedade civil, além de eventos na Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, na Estação Amazônia Sempre (BID), na Agrizone/Embrapa, na UFRA, UFPA e Cúpula dos Povos.
O pesquisador Philip Fearnside destacou que o instituto leva à COP30 evidências científicas sobre a vulnerabilidade da floresta amazônica. “O Inpa tem resultados que mostram a magnitude das emissões de gases de efeito estufa se a floresta colapsar, reforçando a urgência de reduzir emissões e conter o desmatamento e o uso de combustíveis fósseis”, alertou.
O pesquisador Carlos Alberto Quesada lembrou que o Inpa coordena projetos de monitoramento climático de relevância internacional, como o AmazonFACE (Brasil/Reino Unido) e o ATTO (Brasil/Alemanha) — a maior torre de observação climática do mundo, com 325 metros. “Não há como lidar com um problema dessa magnitude sem compreender bem o sistema amazônico. O Inpa é essencial para entender como as mudanças climáticas afetam o ecossistema e apontar caminhos mais eficientes e estratégicos”, afirmou.

Redes e cooperação internacional
O Inpa também integra a Rede Bioamazonia, que reúne instituições de pesquisa do bioma amazônico. Na COP30, o instituto coordena o eixo “Conflitos e ameaças da biodiversidade”, promovendo debates, exposições e o lançamento da obra “Caminhos para a ciência pan-amazônica”.
Outra frente importante é o Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA), que reúne cientistas do Brasil e da França. O Inpa, que ocupa a direção nacional do Centro, participará de painéis nos pavilhões brasileiro e francês, reforçando a cooperação científica binacional e a importância da Amazônia nas soluções climáticas globais.
Segundo o diretor Henrique Pereira, a COP30 marca um momento histórico para a ciência amazônica. “Esta é a COP no Brasil e na Amazônia, e estamos empenhados em garantir uma participação à altura da importância da região”, afirmou.
A jornada até Belém
A primeira comitiva do Inpa embarcou no barco Banzeiro da Esperança, integrando a “Jornada COP30”, organizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS). A expedição reúne lideranças comunitárias, movimentos sociais e instituições públicas para construir planos de ação climática baseados na realidade das comunidades amazônicas.

