Evento internacional na COP30 debate cooperação do Sul Global em florestas, agricultura e economia verde

Redação Planeta Amazônia

Durante a COP 30, em Belém, a Casa Balaio sediou, na quarta-feira (12), o evento internacional “Florestas, Agricultura e Economia Verde do Sul Global”, organizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Instituto do Banco Asiático de Desenvolvimento (ADBI) e o Instituto Ambiental Evergreen, da China.

O encontro reuniu especialistas e representantes de países do Sul Global, como China, Indonésia, Butão, México, Tailândia e Brasil, promovendo um intercâmbio de experiências sobre conservação ambiental, agricultura sustentável e comércio verde. Cerca de 70 participantes acompanharam as discussões ao longo do dia.

foto: Sara Leal_IPAM

Para André Guimarães, diretor executivo do IPAM e enviado especial da sociedade civil na COP 30, a união entre os países do Sul Global representa uma nova visão de futuro. “O Sul Global tem problemas, mas está consciente deles e busca soluções constantemente. Essa união me dá esperança de que podemos aprender uns com os outros e encontrar caminhos reais para o desenvolvimento e a segurança alimentar”, afirmou.

O CEO do ADBI, Bambang Bodjonegoro, destacou que o Sul Global deixou de ser um mero receptor de políticas externas para se tornar protagonista na criação de soluções. “Hoje somos um motor de inovação, resiliência e sustentabilidade. Economias emergentes estão liderando ações em comércio verde e desenvolvimento inclusivo”, observou.

A relação entre Brasil e China foi apontada como estratégica para o avanço dessas pautas. Em 2024, o país asiático respondeu por cerca de 28% das exportações brasileiras. Thais Ferraz, diretora programática do iCS, ressaltou que essa parceria pode ditar novos padrões sustentáveis no comércio internacional. “Temos desafios semelhantes e, juntos, podemos criar soluções que representem melhor nossa realidade”, disse.

Segundo Wang Yi, presidente do Comitê Nacional de Especialistas em Clima da China, o intercâmbio de experiências entre os dois países tem transformado ideias em práticas concretas. “Depois de décadas de aprendizado, conseguimos trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável na China”, afirmou.

O tema voltará à pauta na Blue Zone, no próximo dia 17, no painel “Brasil e China rumo à sustentabilidade em um futuro compartilhado”, promovido pelo Consórcio da COP 30.

Comércio e financiamento

Os debates também abordaram mecanismos de financiamento voltados a projetos de adaptação climática e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento. O assessor especial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, André Aquino, destacou o papel do Fundo Tropical Forest Forever (TFFF), apresentado na COP 28, em Dubai. O fundo pretende captar US$ 25 bilhões em investimentos públicos e privados para recompensar países que conservem florestas tropicais.

“Queremos que o TFFF reflita as vozes do Sul Global e se torne uma ferramenta que responda às necessidades reais desses países”, explicou Aquino.

foto: Sara Leal_IPAM

Agricultura e adaptação

Com destaque para a produção agrícola dos países do Sul Global, o evento também discutiu a necessidade de práticas mais sustentáveis no campo. Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, alertou para as diferenças entre os biomas brasileiros. “No Cerrado, o desmatamento ocorre em terras privadas e é amparado por leis mais permissivas. Já na Amazônia, a fiscalização foca em áreas públicas. Precisamos criar novos mecanismos de incentivo à conservação”, avaliou.

Lucimar Souza, diretora de Desenvolvimento Territorial do IPAM, reforçou que soluções locais devem ser construídas em conjunto com as comunidades. “As soluções de cima para baixo são ineficazes. É nos territórios, com os agricultores e povos tradicionais, que conseguimos pensar em alternativas reais. Esse grupo é responsável por 70% da produção de alimentos no Brasil”, concluiu.

By emprezaz

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