Redação Planeta Amazônia
O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), movimento fundado por Chico Mendes e representante de milhares de extrativistas em todos os biomas brasileiros, promoveu uma ampla mobilização durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. A iniciativa buscou amplificar as vozes das comunidades tradicionais que vivem e protegem as florestas e águas do país.
A articulação levou mais de mil extrativistas à capital paraense, em uma operação que reuniu representantes de diversas Reservas Extrativistas (Resex) e dos maretórios — territórios costeiros e marinhos habitados por comunidades pesqueiras. As lideranças participaram da programação do Espaço Chico Mendes e Fundação BB, instalado no Campus do Museu Paraense Emílio Goeldi, que recebeu atividades culturais, debates e ações de formação.

Entre os destaques do espaço estiveram exposições sobre defensores das florestas, uma mostra sobre Chico Mendes, apresentações culturais e o Armazém da Sociobiodiversidade, que reuniu mais de 60 marcas com produtos tradicionais. A estrutura contou ainda com oficinas, um domo geodésico e atividades que aproximaram o público das realidades amazônicas.
O local foi palco do Encontro das Juventudes das Florestas e do Encontro Nacional das Mulheres Extrativistas, que reuniram representantes de todos os biomas. Demandas e propostas foram apresentadas diretamente por quem vive nos territórios, reforçando o papel das comunidades na conservação ambiental.
O Espaço também sediou a roda de conversa “Territórios de Uso Coletivo”, com participação do secretário de Educação e Comunicação do CNS, Joaquim Belo, integrante da delegação brasileira enviada à COP.
No dia 13 de novembro, o CNS promoveu o Porongaço dos Povos da Floresta, uma marcha que levou mais de mil pessoas às ruas de Belém. Os participantes utilizaram porongas acesas — lamparinas tradicionalmente usadas pelos seringueiros — simbolizando resistência, espiritualidade e legado político. Durante o ato, o movimento entregou às ministras Marina Silva e Sônia Guajajara a “Carta das Populações Tradicionais Extrativistas”, reforçando que fortalecer esses territórios é essencial para a resiliência climática do Brasil.

As atividades também marcaram os 40 anos do CNS, celebrados com lançamento de um livro e inauguração do Espaço Gentes da Floresta, na Estação das Docas, dedicado à valorização de culturas e saberes amazônicos.
Na Green Zone da COP30, lideranças do CNS participaram de painéis sobre conservação, apresentaram o programa Arpa Comunidades e integraram debates ao lado da liderança indígena Raoni. Também foram entregues títulos coletivos a comunidades no Pará.
Na Blue Zone, Joaquim Belo e a vice-presidenta do CNS, Letícia Moraes, defenderam o papel estratégico das comunidades tradicionais no equilíbrio climático global, apresentando uma proposta oficial à Convenção-Quadro da ONU (UNFCCC). O tesoureiro do CNS, Ivanildo Brilhante, reforçou que mecanismos como REDD+ Jurisdicional devem respeitar os conhecimentos tradicionais e fortalecer a sociobioeconomia.
O CNS também lançou nota pública apoiando a iniciativa Tropical Forests Forever Facility (TFFF), que propõe um fundo permanente para a conservação das florestas tropicais e para a melhoria da vida das comunidades extrativistas.
“Saímos dessa COP30 fortalecidos, defendendo nossos territórios e nossos direitos, com nossas vozes ecoando em espaços decisivos”, afirmou Letícia Moraes.

