Por redação do Planeta Amazônia
Bolas coloridas, confeccionadas com cipó de ambé, passam a ser alternativa de renda. A iniciativa da Casa do Rio em parceria com a marca Cris Barros, que fomenta o artesanato tradicional da Amazônia. O apoio será destinado, especificamente, a mulheres de etnias indígenas que trabalham com artesanato no Parque das Tribos, bairro periférico de Manaus que abriga mais de 700 famílias de 34 etnias em situação de alta vulnerabilidade social.
“Me sinto totalmente responsável pela sociedade que me cerca e por tudo o que acredito que posso contribuir, mudar, movimentar e transformar dentro desse organismo. Acredito que a doação pode transformar a vida, e não me refiro apenas à doação financeira. Quando penso em doação, penso na entrega, na verdade, na compaixão, no respeito, na empatia. Doar é transformar”, reflete Cris Barros.
A ONG atua na região da BR 319, no Amazonas, desde 2014, sempre visando o desenvolvimento humano e territorial da região com iniciativas educacionais, projetos de empreendedorismo e agroecologia. A atuação no Parque das Tribos, no entanto, começou quando Thiago Cavalli Azambuja, presidente e fundador da Casa do Rio, conheceu o bairro periférico durante a pandemia e resolveu pensar em ações que ajudassem a população indígena que vive longe de ambientes urbanos.
“A Casa do Rio atuou muito forte em Manaus na questão do oxigênio, de álcool gel, de doação de sabonete, cesta básica, kit higiene e tudo isso. O Thiago já conhecia o Parque das Tribos e começou a atuar super forte por lá. A gente tinha conversado sobre começar um projeto lá para que esses indígenas gerassem renda através da arte. Mas quando a gente chegou lá, depois da pandemia, vimos um descaso com essa comunidade, uma cegueira que não dá para entender. Até dá, mas a gente não quer, porque é muito triste”, aponta Luly Vianna, designer e mentora da Rede de Artesanato da Floresta.
“São mais de 30 etnias que moram na mesma comunidade. Saneamento básico não existe, a fome é sempre presente, a falta de educação para as crianças… é uma realidade muito distinta dos indígenas que habitam as comunidades, as aldeias, porque lá tem a abundância da terra, tem o rio, tem a floresta que pode gerar caça… lá no Parque das Tribos não tem isso”, explica.
A ideia do projeto é não só ajudar essas famílias a terem uma renda fixa, mas também resgatar autoestima e capacitar a população indígena dentro de iniciativas sustentáveis. A parceria com Cris Barros vai de encontro a esses princípios. Os itens decorativos são trançados manualmente e tingidos artesanalmente, além de serem confeccionados em cipó ambé, matéria prima da floresta Amazônica que é manejada de maneira sustentável para a coleção.