1Prof Dr Luis Henrique Ebling Farinatti; 1Mestrando Antônio Marcos de Sousa Aquino; 2Felipe Marcelino da Silva Universidade Federal do Acre Campus Floresta – Cruzeiro do Sul – Acre, 1Mestrado em Ciências Ambientais, 2Graduando em Engenharia Agronômica
A pecuária é precursora do desenvolvimento social e econômico da interiorização na floresta amazônica, principalmente no Estado do Acre. Nos dias de hoje, com a aplicação de tecnologias para melhoria genética do rebanho e melhoria das pastagens, a pecuária tem avançado de forma mais eficiente no sistema produtivo de criação de bovinos de corte e leite, podendo reduzir as queimadas e preservar o remanescente florestal nas propriedades (1).
Nos últimos anos, a pecuária já mostrou avanços tecnológicos nos sistemas de produção da bovinocultura na Amazônia Sul Ocidental. Entretanto, as atividades extensivas com pouca ou nenhuma tecnologia empregada tem impulsionado o desmatamento na Amazônia. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que as taxas de desmatamentos na Amazônia tiveram os maiores picos de alta em 1994, 2004 e novo crescimento nos últimos 3 anos. Para o Estado do Acre, os picos de alta coincidem com o padrão Amazônia, entretanto, nos 4 anos estamos em um patamar de alta preocupante, com média de 780 km2 por ano (78.000 ha/ano) (2). Segundo dados do MapBiomas e Embrapa pelo Projeto TerraClass mais de 90% das áreas desmatadas são ocupadas pela pecuária no Estado do Acre.
A pecuária bovina teve grande expansão nas últimas décadas, e isso se deve não a melhoria no padrão tecnológico, mas sim, a ampliação de novas áreas destinadas as pastagens (3). No Acre, o desmatamento está localizado no Baixo Acre e Alto Acre, 46% e 18% da área total desmatada no estado até 2018, respectivamente. As outras partes das áreas desmatadas, estão distribuídos pelas regionais de Tarauacá-Envira (14%), Purus (12%) e Juruá (10%). Essa ação do desmatamento pode ter sido estimulada pela posição geográfica e acessos rodoviários existentes no Estado do Acre. Segundo dados do IBGE, o Estado do Acre possui rebanho bovino de mais de 4 milhões de cabeças, onde somente nos últimos 5 anos (2017-2021) teve um aumento de mais de 1 milhões de cabeças (4).
A pecuária de corte é muito importante para o desenvolvimento econômico do Estado, mas devemos relacionar e conciliar a questão da importância da preservação e conservação das nossas florestas com a manutenção e futuro da atividade. Deve ser pensado em alternativas de adaptação tecnológicas da pecuária para todos os perfis de produtores, pequenos, médios e grandes. O Governo do Acre por meio do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF), divulgou que o rebanho bovino acreano vem em uma linha constante de crescimento, que girou em torno de 50% na última década, mas este crescimento não segue a mesma tendência de adoções de tecnologias para melhorar genética e pastagens já formadas.
O grande aumento produtivo dos rebanhos já é uma realidade no Estado do Acre. A busca por práticas sustentáveis tem incentivado pesquisadores a utilizar e adaptar tecnologias que permitam produzir cada vez mais e em menores extensões de terra, com menos insumos e em menor tempo. Neste âmbito, quanto mais tecnificado for o sistema de produção, utilizando inseminação artificial em tempo fixo (IATF), melhoramento genético dos animais, recuperação de pastagens degradadas ou pouco produtivas, rotação pastagem-lavouras e sistemas agrossilpastoris, e associado a suplementação dos animais com concentrados e volumosos, na forma de silagem (5,6,7). Os programas de melhoramento genético podem reduzir em até 50% o tempo de abate para gado de corte e tempo de reprodução das fêmeas para comercio de bezerros. Com o melhoramento das pastagens, pode ser aumentado a taxa média de lotação animal, dos atuais 1,5 unidade animal por hectare para até 3-4 unidades animal por hectare.
A pecuária pode se tornar a grande econômica da Amazônia e promotora da proteção das florestas remanescentes, associados a produção de alimento de qualidade, entretanto é necessário a adoção massiva de tecnologia para melhoria da cadeia. A pecuária é uma atividade permanente na Amazônia, mas é preciso que seus prejuízos não se sobreponham aos benefícios.