Redação Planeta Amazônia
O IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) lançou nessa quinta (18/5) o minidocumentário Vozes do Sul: por um Acordo UE-Mercosul mais inclusivo (Voices from the South: for a more inclusive EU-Mercosur Agreement). O filme, realizado no âmbito do projeto Amazoniar do IPAM em parceria com a Fern e o ISA (Instituto Socioambiental), registra o encontro de povos e comunidades tradicionais do bloco sul americano com autoridades da União Europeia para discutir o Acordo de Livre Comércio entre os dois blocos de países.
A visita da delegação – composta por representantes de organizações, coletivos e comunidades indígenas e tradicionais do Brasil, da Argentina e do Paraguai – à União Europeia teve o intuito de dar voz às populações que serão direta e indiretamente afetadas pelo acordo UE-Mercosul e suas preocupações em relação às consequências caso o tratado seja assinado.
A delegação se reuniu com membros do Parlamento Europeu e da embaixada do Brasil na Bélgica, e visitou também agricultores familiares para troca de experiências. Segundo a Defensora da Floresta e do Comércio na FERN de Bruxelas, Perrine Fournier, a presença do grupo foi fundamental. “Finalmente [eles] puderam participar das discussões em torno do acordo”.
Representante da agricultura familiar em Altamira e professora da Universidade Federal do Pará, Ana Paula Santos Souza foi uma das integrantes do grupo. “A agricultura familiar, os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e sua diversidade de práticas e de produtos têm muito a contribuir e a aportar. É preciso que o Parlamento escute e que os nossos representantes também levem esses recados”, afirma no documentário.
O pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho, ressalta o ineditismo da iniciativa. “Podemos estar iniciando aqui a quebra de um paradigma. Ou seja, que acordos comerciais podem sim ser questionados pelas sociedades, principalmente aquelas que estão muitas vezes excluídas e que têm que estar lá na frente”.
Não é só sobre comércio
Para servir como fonte de informação sobre como os modos de vida, as produções, os direitos humanos e os territórios dessas comunidades poderiam ser afetados pelo Acordo, o Amazoniar lançou em fevereiro deste ano duas tentativas como resultado de uma série de consultas e entrevistas com representantes de organizações, coletivos e comunidades indígenas e tradicionais do Brasil, da Argentina e do Paraguai.
São elas um policy brief intitulado “Não é só sobre comércio”, documento que resume os principais temas abordados durante as consultas; e uma série de quatro entrevistas, realizadas no âmbito do projeto Amazoniar, com convidados de diferentes organizações da Argentina, Brasil e Paraguai.