Profa Dra Sonaira Silva e Me Jéssica Costa – Universidade Federal do Acre Campus Floresta, Mestrado em Ciências Ambientais, Cruzeiro do Sul – Acre
A floresta amazônica possui em média 500 a 600 árvores a cada um hectare, com enorme riqueza de espécies e biodiversidade. Parte dessas árvores possuem importância ecológicas, mas grande parte tem importância para o dia a dia da população Amazônia, como o uso da madeira para construção de casas e embarcações, com uso dos frutos para alimentação como o açaí, buriti, patoá, castanha, palmito, com uso dos óleos, cascas e resina para fins medicinais e culturais, como o uso do jenipapo para pinturas corporais pelos indígenas, e tantos outros usos.
Nos mais variados tipos de florestas do Estado do Acre, na Amazônia sul-ocidental, mostra que em torno de 25% das árvores tem potencial para uso humano, seja com uso da madeira, frutos, folhas, resinas e óleo, é o que revela o estudo inédito de Jessica Costa e colaboradores. São mais 40 espécies, podendo ter mais de 90 árvores em cada um hectare, com potencial para uso humano, seja para sua alimentação e manutenção, mas também como potencial para o mercado econômica da bioeconomia. Analise econômica do jornal Valor Econômico mostra que manter a floresta em pé na Amazônia poderia agregar ao PIB (Produto Interno Bruto) um valor de até 100 bilhões de dólares por ano . Esses valores podem aumentar muito com o avanço de pesquisas científicas para descoberta e conhecimento de novas espécies e seus potenciais de usos.
Entretanto, essa floresta tão rica e cheia de vida tem sido ameaçada por vários tipos de degradação nas últimas décadas, como incêndios florestais, exploração ilegal de madeira, desmatamento, fragmentação entre outros. No estudo liderado por Jéssica Costa, foi analisado em profundidade o impacto dos incêndios florestais no Acre nessas espécies com potencial de uso para o homem, e descobriu-se que a redução dessas espécies pode ser de 30% até 100% se a floresta for queimada mais de uma vez. Como os incêndios florestais recorrente, principal nos anos 1998, 2005, 2010, 2016, 2020 e 2022, foram identificados mais de 550 mil hectares de floresta em pé degradadas pelo fogo.
Fazendo as contas sobre o possível efeito negativo dos incêndios florestais nas espécies úteis para o homem somente para o Estado do Acre, teríamos a perda de 65 milhões de árvores, que poderia ser utilizada para construções, alimento, medicina ou atividades culturais. Essa perda é muito preocupante e necessita que Governo e Sociedade se unam para mudar urgentemente esse ambiente de destruição e degradação que afeta a saúde da floresta e do próprio ser humano.
Mesmo com o forte impacto do fogo nas florestas, elas têm se regenerado não completamente e de forma muito lenta, mas, mesmo assim, ainda possuem grande importância para manutenção nessas árvores, quem tem papel ecológico para vida silvestre, mas para o ser humano. Essas espécies têm importância direta na vida de comunidades tradicionais, grupos indígenas e populações urbanas na Amazônia, que dependem dos recursos florestais todos os dias. Além disso, essas espécies são fundamentais para o desenvolvimento emergente de mercados ligados à bioeconomia na Amazônia, trazendo riqueza econômica para a região, segurança alimentar e qualidade ambiental.