Ila Caira Verus
As abelhas sem ferrão ou melíponas são espécies nativas das regiões tropicais. As mais comuns para produção de mel são: mandaçaia (Melipona mandacaia), abelha branca (Frieseomelitta doederleini), uruçu (Melipona scutellaris), jataí (Tetragonisca angustula) e mosquito (Plebeia sp.).
A maioria dessas abelhas usa ocos de árvores para alojar seus ninhos. A criação de melíponas ajuda na preservação das espécies pois são encontradas em todo o território.
Como as melíponas não possuem ferrão, o manejo é muito mais fácil, pois não oferecem riscos de acidentes como as africanizadas. Isso favorece a criação, inclusive, em áreas urbanas, como quintais e jardins.
Os recursos para meliponicultura são mais simples e, consequentemente, mais baratos. É possível reunir até 200 colmeias em um único local. Os produtos tem ainda o valor agregado maior.
Os conhecimentos sobre a produção de abelhas sem ferrão foi se desenvolvendo com o tempo. Hoje o mel é o principal produto da produção de abelhas meliponas, sendo que também pode ser produzido a própolis e a cera.
Visando à troca de experiência e o fortalecimento das técnicas de criação de abelha, a Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio (SEPA) promoveu, um intercâmbio para fortalecer a cadeia de mel e a integração entre meliponicultores e apicultores da cidade de Epitaciolândia e Xapuri, no Acre.
A capacitação, na modalidade de intercâmbio, foi na zona rural de Rio Branco, na comunidade do Belo Jardim III, reunindo 14 participantes de Epitaciolândia e do Seringal Cachoeira, de Xapuri. Os participantes puderam aprender técnicas de multiplicação, de manejo da colmeia, e de extração do mel.
Zandra Navarro, que faz parte da equipe produtiva da cadeia de mel da Sepa, explica que o encontro propiciou a troca de saberes das espécies frutíferas e florestais, que são fundamentais para apicultura e meliponicultura, pois ofertam grande quantidade de flores, que fazem a polinização e garantem a sobrevivência da vegetação nativa, que assim, impacta consequentemente na existência das abelhas, já que lhes oferecem alimentação e moradia.
A integrante da equipe produtiva da cadeia de mel complementa que o intercâmbio foi fundamental para atuação planejada dos criadores, adquirindo novas experiências, como também compartilhando com os demais. “Os produtores puderam atuar de forma planejada na implementação e manejo das colmeias das abelhas sem e com ferrão para garantir o crescimento da produção e ajudar o meio ambiente, já que o produtor não precisa retirar mais colmeias da natureza”, finaliza Zandra.
As atividades que foram ministradas pelo Sr. Clodoalvo Raulino, membro da Associação Floresta com Abelhas, complementam a capacitação de produtores familiares do curso “criação e manejo das abelhas com (apicultura) e sem ferrão (meliponicultura)”, que foi realizada em setembro de 2022 pela Sepa, na Resex Chico Mendes e seringal cachoeira, localizado no município de Xapuri.
A Cadeia do Mel é um projeto financiado pelo Programa REM Acre Fase II, que tem como meta capacitar 350 meliponicultores e apicultores, fortalecendo as organizações comunitárias. O projeto de cadeia de mel que tem como subexecutora a Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio, tem o objetivo de promover o fortalecimento da cadeia de valor do mel, a fim de possibilitar o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades que vivem na floresta.
O programa de produção de cadeia de mel beneficia o município de Brasiléia, Epitaciolândia, Assis Brasil, Acrelândia (PDS Bonal), Sena Madureira (Resex Cazumbá-Iracema), Xapuri (Seringal Cachoeira – Resex Chico Mendes), Rio Branco (APA Lago do Amapá) e Tarauacá (Colônia 27).