Redação Planeta Amazônia
A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou, nesta segunda-feira (22), uma audiência pública para discutir a importância da doação de órgãos e a atual situação dos transplantes no estado. A iniciativa foi proposta pelo deputado Adailton Cruz (PSB) e presidida pelo deputado Eduardo Ribeiro (PSD), reunindo parlamentares, profissionais da saúde, pacientes transplantados, familiares e representantes da sociedade civil.
O objetivo foi ampliar a conscientização da população e cobrar avanços nas políticas públicas de transplantes. “É um assunto de fundamental importância para a sociedade. Queremos projetar soluções que garantam um futuro melhor para a população”, destacou Eduardo Ribeiro na abertura.

A presidente da Fundação Hospitalar, Dra. Soron Steiner, classificou a audiência como um marco. Segundo ela, o Acre já se consolida como referência na região Norte, com transplantes pioneiros como o de fígado. “Que esta seja a primeira de muitas audiências, sempre buscando transparência nos dados e sensibilizando a população para a importância da doação local”, afirmou.
Depoimentos emocionaram o público. Nerian, transplantada de tecido ósseo, contou que aguardou mais de 10 anos até realizar o primeiro transplante ósseo feito no Acre. Já a jovem Isabele, transplantada de córnea, destacou a transformação em sua vida após a cirurgia realizada em 2021 com apoio do SUS.

A chefe do Serviço de Transplantes da Fundhacre, Valéria Monteiro, apresentou dados que reforçam o protagonismo acreano: desde a criação do programa já foram feitos 556 transplantes, sendo 107 renais, 340 de córnea, 107 de fígado e 2 musculoesqueléticos. Só em 2024, foram realizados 16 transplantes de fígado, 42 de córnea e a retomada dos renais. Em 2025, o estado já contabiliza 27 transplantes até setembro.
Apesar dos avanços, Valéria ressaltou que a maior barreira ainda é a efetivação das doações. “Temos potencial gigantesco, mas precisamos que as notificações se transformem em doações efetivas. Isso é fundamental para zerar nossas filas”, afirmou. Atualmente, 274 pacientes aguardam transplantes no Acre, sendo a maioria para córnea.

O médico Osvaldo Leal, representante do controle social, destacou o papel coletivo no avanço da política estadual de transplantes e reforçou a importância da central de transplantes para garantir qualidade e acesso.
Ao encerrar, Dra. Soron agradeceu o apoio das equipes e reforçou o apelo à população: “Já somos referência nacional, mas precisamos que mais famílias acreanas abracem essa causa. A doação de órgãos é um gesto de amor que devolve vida e esperança a quem espera na fila”.