Redação Planeta Amazônia
A Conferência dos Ministros da Agricultura das Américas 2025 foi encerrada em Brasília com um apelo pela união dos países do continente para enfrentar desafios relacionados à segurança alimentar, às mudanças climáticas e à inclusão produtiva rural. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, reafirmou o compromisso do Brasil com o fortalecimento do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e com a criação de uma nova geração de políticas públicas voltadas ao campo.
Durante a cerimônia de encerramento, Teixeira saudou o novo diretor-geral do IICA, Mohamed Ibrahim, e defendeu a construção de uma “aliança hemisférica pela agricultura familiar”, baseada em soberania alimentar, transição agroecológica e resiliência climática.
Quatro eixos da nova política rural
O ministro apresentou os eixos da política agrária e rural brasileira. O primeiro trata do crédito e da inclusão produtiva, com foco em financiamento, mecanização agrícola e valorização de mulheres e jovens. O segundo aborda a transição agroecológica, que busca substituir insumos químicos por soluções biológicas e sustentáveis.
O terceiro eixo é a digitalização do campo, com o lançamento do programa MATER Digital, que moderniza a assistência técnica rural por meio de uma plataforma baseada em conhecimentos da Embrapa. Já o quarto eixo prevê o fortalecimento do cooperativismo e dos programas de compras públicas, ampliando o acesso a mercados locais e regionais.
Teixeira também destacou ações de resiliência climática nas regiões semiáridas, citando o Projeto Dom Helder Câmara, em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), como exemplo de política inovadora voltada ao semiárido.
Parceria continental pelo desenvolvimento sustentável
O ministro defendeu a ampliação da cooperação com o IICA para impulsionar uma agenda comum entre os países das Américas, unindo bioeconomia, inclusão digital, governança fundiária e transição agroecológica. Entre as propostas apresentadas estão a adoção de políticas que reconheçam o papel estratégico da agricultura familiar, a ampliação de parcerias com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) e a criação de uma iniciativa conjunta de inclusão digital e extensão rural.
“Queremos uma América Latina soberana em alimentos, com alimentação saudável e adequada para todos. Essa é a obsessão do presidente Lula: que nenhum país das Américas volte ao mapa da fome”, afirmou Teixeira.
Ele também convidou os países participantes para a COP 30, em Belém (PA), destacando a importância do evento como espaço para reforçar os compromissos globais de redução de emissões e fortalecimento da resiliência climática.

Encontro consolida cooperação regional
Com representantes de 32 países, a Conferência debateu temas como financiamento verde, inovação tecnológica e valorização da agricultura familiar. O evento consolidou um consenso regional em torno da necessidade de políticas integradas e solidárias para o futuro do agro nas Américas.
A reunião também marcou a transição de liderança no IICA, com a posse de Mohamed Ibrahim prevista para janeiro de 2026. O atual diretor-geral, Manuel Otero, foi elogiado pelo trabalho realizado à frente do Instituto.
A Conferência reforçou o protagonismo do Brasil na articulação de uma agenda hemisférica de desenvolvimento rural sustentável e cooperativo.

