Redação Planeta Amazônia
A campanha “Salve o Rio Ribeira” quer sensibilizar a população e o poder público para o estado em que se encontra o rio Ribeira, que atravessa o Residencial Natureza, comunidade localizada na zona rural de São Luís, no Maranhão. Há anos que moradores da comunidade lutam pela despoluição do rio.
A campanha foi lançada no fim de outubro nas redes sociais da Rede Emaranhadas e entidades parceiras: CIMI Maranhão, Justiça nos Trilhos, Coletivo Reocupa, Tapajós de Fato e Coletivo Mulheres Negras da Periferia. Iniciativa da Rede Emaranhadas, organização comprometida em fortalecer e promover processos de resistência liderados por mulheres nos territórios da região metropolitana de São Luís, em parceria com a Associação de moradores do Residencial Natureza, a campanha tem o objetivo de mobilizar e articular a sociedade civil e órgãos públicos responsáveis para adotar providências urgentes de combate à grave poluição do Rio da Ribeira.
“A possibilidade da morte de um rio é devastadora. Por muitos anos, o Rio da Ribeira era fonte de sustento para a comunidade, espaço de lazer, fonte de água potável. Hoje em dia ele é fonte de dejetos, animais mortos, fortes odores que causam mal-estar e muita tristeza para quem vê essa degradação. Precisamos unir forças para mudar essa realidade e salvar o rio”, explicou Karoline Ramos, advogada e coordenadora Geral da Rede Emaranhadas.
O Residencial Natureza fica localizado em uma área onde foram instaladas diversas empresas, de diferentes ramos de atuação. A poluição do rio é atribuída ao despejo de dejetos industriais que vêm dessas empresas e são descartados de forma irregular, além da poluição atmosférica, que prejudica também a vegetação nativa. O problema já é de conhecimento do Ministério Público do Maranhão e a Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDIHPOP) que protocolaram ações e encaminhamentos para que um laudo técnico sobre a poluição e os agentes poluidores sejam identificados e os responsáveis notificados. No entanto, a comunidade segue sem respostas e seu acesso aos laudos.
A Sedihpop, por meio da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (Coecv), após visita técnica à comunidade, concluiu que se trata de conflito socioambiental e emitiu parecer às Secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente para que dessem providências ao caso. Em relatório, informou que “os supostos crimes ambientais de responsabilidade de diversas e desconhecidas empresas instaladas no Distrito Industrial têm ocasionado danos aos direitos humanos e socioambientais da comunidade Residencial Natureza, dentre os quais destacam-se: poluição hídrica, do solo, atmosférica e visual.”
A denúncia de crime ambiental está sendo investigada pelo Ministério Público do Estado do Maranhão (MPE-MA). “A realização da campanha é uma forma de engajar toda a população nessa luta por justiça climática, pela recuperação do Rio da Ribeira e principalmente pelo bem viver das pessoas que têm atividades diretamente ligadas ao rio. É um pedido de socorro!”, afirmou Polyana Amorim, coordenadora de Comunicação da Rede Emaranhadas.
Além da campanha digital nas redes sociais, também serão realizadas ações presenciais como as que aconteceram no último fim de semana, com a colocação de cartazes da campanha que traziam o slogan principal do movimento, bem como frases-depoimentos de alguns moradores da comunidade. A intervenção visual aconteceu tanto na zona rural de São Luís, quanto no centro histórico da cidade, na zona urbana, com a participação de voluntários da sociedade civil, moradores da comunidade e de membros da Rede Emaranhadas.
Muitas pessoas aqui tiravam seu sustento e sua alimentação do rio. Hoje não podem mais. O que a gente quer é resgatar o rio. Voltar a pescar, cultivar e banhar nele. Ele é parte da nossa comunidade”, disse Hariadna Silva, Presidente da Associação de Moradores do Residencial Natureza.