Prof. Dr. Edson Alves de Araújo, Prof. Dra. Sonaira Souza da Silva, Mestre Andressa Pereira de Souza – Universidade Federal do Acre Campus Floresta, Mestrado em Ciências Ambientais, Cruzeiro do Sul – Acre
A Amazônia é conhecida mundialmente pela sua rica biodiversidade e pela preservação ambiental, essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico do planeta. No entanto, mesmo com toda essa importância, muitas áreas da Amazônia brasileira têm sido devastadas pela ação humana. Entre essas áreas, estão as Campinaranas, florestas baixas sobre solos de areia branca, que representam cerca de 7% da Amazônia Legal. No Acre ocorrem no extremo oeste, na fronteira com o Amazonas, com maior ocorrência no Alto Juruá, representa 0,04% do estado, algo em torno de 6.600 hectares [1]. Esta estimativa pode ser bem maior ainda, à medida que novos estudos e de levantamento dos recursos naturais sejam realizados na região em escalas mais detalhadas. Na regional do Juruá as Campinaranas concentram-se de forma mais expressiva nos municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima e em parte no Amazonas, no município de Guajará.
As Campinaranas são um tipo de formação florestal (Figura 2) que ocorre em ambientes de solos arenosos, são pobres quimicamente e se degradam facilmente . Além disso, possuem baixa resiliência, ou seja, recuperam-se lentamente após intervenção do homem, principalmente após a queima. Apesar de ser um ambiente pequeno em extensão, sua importância para a manutenção da biodiversidade é enorme, em razão de abrigar diversas espécies endêmicas, espécies de fauna e flora que somente ocorrem nesse ambiente, como o pássaro manakin-preto macho (Xenopipo atronitens) se mostrou uma espécie-chave na dispersão de sementes neste tipo de fitofisionomia (Figura 3).
Infelizmente, nos últimos anos, a degradação desses ambientes tem crescido substancialmente, no Juruá, estando associada a várias atividades humanas, como a extração de areia e seixo, extração seletiva de madeira, incêndios florestais, uso agrícola e pecuário, e até mesmo o uso recreativo (balneários) . Estudos realizados por Carvalho e colaboradores , na qual foi selecionado uma área que engloba os municípios de Cruzeiro do sul e Mâncio Lima, ao longo do rio Moa e BR 307, mostraram que entre os anos de 2014 e 2020, foram desmatados cerca de 80 hectares dessas áreas para a extração de areia (Figura, 4).
A pesquisadora Andressa Souza em sua dissertação analisou que a perda de cobertura florestal em áreas de Campinarana para atividades de extração de areia, somente em 6 áreas, o desmatamento foi de 17,5 hectares. O problema da extração de areia dessas áreas, a degradação total, com mínima possibilidade de regeneração natural
A situação da conservação e manutenção das Campinaranas no Juruá é preocupante, e é necessário que sejam tomadas medidas urgentes para a conservação desses ambientes. Uma das soluções é a melhor gestão pelo poder público, por meio de fiscalização e licenciamento, a fim de evitar a extração ilegal de areia e seixo, entre outras atividades que possam degradar ainda mais essas áreas. Além disso, é fundamental a criação urgente de área de proteção ambiental e programas de incentivo à conservação dessas áreas, conforme destacado pelo Prof. Marcos Silveira [9], na qual destaca que as Campinaranas constituem um ambiente que pede socorro!
Portanto, é necessário que a sociedade como um todo se mobilize para proteger as Campinaranas e demais ambientes amazônicos, garantindo a manutenção da biodiversidade e do equilíbrio ecológico, que são essenciais para a sobrevivência de todos os seres vivos, inclusive o ser humano.