Redação Planeta Amazônia
Em Manaus, cientistas da Amazônia reafirmaram o papel estratégico da ciência, tecnologia e inovação da região na construção de soluções para a crise climática com justiça socioambiental. Durante o evento pré-COP30, realizado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foi consolidado um documento com contribuições de mais de 60 instituições — incluindo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) — que será entregue nesta quarta-feira (20) ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
O encontro, que contou com a presença da primeira-dama Rosângela Lula da Silva (Janja), Enviada Especial para Mulheres da COP30, e da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, promoveu o diálogo entre academia, movimentos sociais, populações tradicionais e povos indígenas.
Segundo o diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, o documento é resultado de dois meses de intenso trabalho colaborativo e reúne propostas fundamentadas em 408 infraestruturas científicas distribuídas pelos nove estados da Amazônia Legal. “A Amazônia está povoada pela ciência e pelos cientistas. Nunca fomos um vazio demográfico, tampouco científico”, afirmou.
A iniciativa é coordenada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS/SRI), em parceria com instituições como Fiocruz, MPEG, Embrapa, UFPA, Andifes-Norte, Conif, Instituto Evandro Chagas e Abruem. O secretário-executivo do Conselhão, Olavo Noleto, destacou o papel do Conselho como ponte entre academia, sociedade civil e governo: “Estamos criando espaços de escuta estratégica para que a ciência amazônica esteja no centro das decisões da COP30”.
O evento integra a Agenda de Ações da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA), e está alinhado a programas nacionais como o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima e a Nova Indústria Brasil.
A reitora da Ufam, Tanara Lauschner, celebrou a articulação em rede: “Não há enfrentamento à mudança climática sem ciência, sem tecnologia e sem investimento”. Já Maria do Socorro Gamenha, da Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas (Makira ETA), reforçou a importância da preservação territorial: “Mantemos nossas florestas em pé, mas sem terra e território, não há soberania alimentar”.
🔍 Eixos temáticos da COP30
A agenda da COP30 está estruturada em 30 ações distribuídas em seis eixos:
- Transição energética, industrial e de transportes
- Gestão de florestas, oceanos e biodiversidade
- Transformação da agricultura e dos sistemas alimentares
- Resiliência urbana, infraestrutura e acesso à água
- Desenvolvimento humano e social
- Fortalecimento de capacidades, financiamento e transferência tecnológica