Redação Planeta Amazônia
Na manhã desta quarta-feira (28), a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) reuniu-se para debater os desafios enfrentados pela Unidade Mista de Saúde do município de Manoel Urbano. Além dos membros da Comissão, participaram da reunião representantes da Secretaria de Saúde, trabalhadores da unidade local, gestores municipais e estaduais.
Durante o encontro, foram levantados problemas críticos que afetam o atendimento à população do município, que é distante de centros urbanos como Sena Madureira e Rio Branco. Ao dar início à reunião, o presidente da comissão, deputado Adailton Cruz (PSB), destacou a situação alarmante da unidade de saúde, mencionando que “a obra da unidade, pelo que nós constatamos lá, está parada desde 2022”. Essa obra, segundo ele, é essencial para ampliar o número de leitos e proporcionar melhores condições de atendimento, especialmente em casos graves e de risco iminente de morte.
Outro ponto discutido foi a carência de profissionais na unidade. “A unidade está sem fisioterapeuta”, afirmou o parlamentar, destacando que em situações de emergência, é necessário solicitar o apoio voluntário de um fisioterapeuta do município, o que coloca em risco a vida dos pacientes. Além disso, foi solicitado o aumento do número de técnicos de enfermagem, já que a equipe atual não é suficiente para atender a demanda.
A reunião também abordou problemas relacionados a equipamentos essenciais para o atendimento. Em sua fala, o deputado Tanízio Sá (MDB) destacou a necessidade urgente de resolver a situação do aparelho de raio-X na unidade mista de Manoel Urbano, que está parado há dois anos. Segundo o parlamentar, “o raio-X está lá no canto da parede”, o que impede o atendimento adequado à população. Tanízio Sá mencionou que, apesar de ter feito um pedido para resolver a questão, “parece que não gostaram muito”, mas reforçou a importância de colocar o equipamento em funcionamento para garantir diagnósticos precisos, evitando que pacientes precisem ser deslocados para outras localidades.
Já o secretário municipal de saúde de Manoel Urbano, Franssuar Sardes, destacou a situação crítica enfrentada pela unidade mista do município, que, apesar de ser classificada como uma unidade de saúde de menor porte, “se comporta como um hospital”. Ele explicou que a unidade realiza procedimentos complexos, como a intubação de pacientes em estado grave, algo que “não é de unidade mista, é de hospital”. Essa realidade sobrecarrega a equipe, que já lida com uma alta demanda de pacientes, agravada pela falta de recursos essenciais.
O secretário também chamou a atenção para a ausência de viaturas de suporte para emergências no município. “Hoje a gente está sem nenhuma viatura”, afirmou, enfatizando que essa carência coloca em risco a vida dos pacientes em situações de alta complexidade, especialmente em casos de urgência, como acidentes graves. Ele relatou que, recentemente, foi necessário utilizar uma caminhonete para uma transferência de paciente, alertando que, em casos mais graves, essa improvisação pode resultar em perdas irreparáveis. “A equipe tem, só não tem as ambulâncias”, concluiu, pedindo urgência na resolução desse problema.
O diretor da unidade de saúde de Manoel Urbano, Evailton Braga, falou sobre os avanços na otimização dos atendimentos desde sua chegada em outubro do ano passado. Ele ressaltou que um dos principais objetivos era “trazer eficiência para o nosso sistema”, o que tem sido alcançado com o aumento significativo do quadro de profissionais de saúde, incluindo a ampliação do número de enfermeiros e médicos, graças à colaboração da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre).
O diretor também mencionou que, apesar das melhorias, ainda há desafios, como a falta de estrutura adequada, citando que “hoje nós temos a maternidade dentro de uma enfermaria” e a necessidade de mais técnicos de enfermagem. Contudo, ele se mostrou confiante de que, com o apoio contínuo, “vamos conseguir equilibrar o RH da unidade” e otimizar cada vez mais os serviços prestados à população.
Representantes do Governo
Durante a reunião, a representante da Sesacre, Andréia Belatte, destacou o andamento das obras da unidade de saúde de Manoel Urbano, reconhecendo que “talvez não está na velocidade que a população espera”, mas que a ordem de serviço foi emitida em abril e a manutenção já está em andamento. Segundo ela, “o ultrassom antigo está funcionando”, e um novo raio-x será instalado assim que “a sala for baritada”. Sobre as ambulâncias, ela informou que a viatura branca acidentada está em recuperação, ressaltando que “infelizmente a administração não vai na velocidade da necessidade, mas ali a gente tenta ser o mais rápido possível”.
Também representando a Sesacre, Celene Maria, fez alguns esclarecimentos sobre o último concurso público. Ela ressaltou que o concurso não tem o objetivo de suprir todas as necessidades, mas de cumprir a legislação, destacando que estão “fazendo esse esforço para ajudar a unidade”. Celene se comprometeu ainda a tentar garantir a presença de um fisioterapeuta em Manoel Urbano e informou que estão conduzindo “um estudo para revisar o padrão de todas as unidades”.
Ela também enfatizou que o trabalho está sendo feito de forma “justa”, levando em consideração a capacidade instalada, o número de leitos e a realidade financeira, sempre com foco no acolhimento e tratamento dos trabalhadores. A gestora concluiu afirmando que a questão do aumento de “técnicos de enfermagem já está resolvida” e que espera uma reação nos próximos 30 dias.
Ao final da reunião, os participantes destacaram a importância de encontrar soluções rápidas para os problemas apontados, visando garantir um atendimento digno e eficiente à população de Manoel Urbano. A reunião também reforçou o compromisso da Comissão de Saúde da Aleac em cobrar ações efetivas do poder executivo e das autoridades responsáveis, com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde e garantir um atendimento de qualidade à população local.