Tradicionalmente, a carne de tatu tem sido muito apreciada nos chamados sertões e áreas rurais em todo o país, mas nunca foi de fato uma iguaria para amadores. Após o consumo da carne, um adolescente faleceu recentemente no Piauí, por contrair um fungo parasita encontrado no solo onde o animal estava entocado. Como se não bastasse, irmãos e avô, que participaram da caçada, foram hospitalizados em estado grave. A notícia repercutiu e levantou questionamentos aqui no Acre, onde o consumo é também muito cultivado nas colônias.
Pouca gente sabe, mas o Tatu não está apenas associado à contaminação por fungos leveduriformes presentes no solo. Um trabalho conjunto entre pesquisadores brasileiros e americanos concluiu que o animal silvestre é transmissor da mais antiga das doenças humanas já conhecida, a famosa Hanseníase ou Lepra. Não sem algum requinte de crueldade, podemos acrescentar o fato de que o animalzinho também é fiel depositário dos vermes da Doença de Chagas. E se quisermos ir um pouco mais fundo, o Ibama adverte que ele ainda pode ser fonte de transmissão de tipos de 150 doenças infecciosas.
Mas nem tudo é uma tragédia no universo dos tatus. Índios da etnia Pankararé, habitantes em área indígena no município baiano de Paulo Afonso, são tradicionais criadores do Tatu-peba, com manejo assegurado por práticas ancestrais. E é este o possível segredo para consumir essa perigosa iguaria: a carne precisa ser tratada e o animal manejado num criadouro. Atualmente, a criação exige licenciamento e fiscalização do Ibama.
Vale lembrar que o Tatu bem manejado oferece proteína de qualidade, sendo o casco valioso material para a confecção de peças de artesanato.
Se você ainda tiver a coragem de consumir um `inofensivo` Tatu, você precisa saber criá-lo. Seguem três recomendações que podem até salvar sua vida:
A implantação de um criadouro de tatus exige registro e licenciamento do Ibama. A caça do animal na natureza é permitida somente com autorização, havendo exemplares em abundância na região. Também podem ser comprados de outros criadores, com preço médio de R$ 100 por cabeça.
Instalações para criação de tatus devem contar com espaço para 5 matrizes e 2 machos. Cada viveiro deve ter piso cimentado, com tela e semicoberto. As medidas indicadas para a construção são 6 x 5 x 2 metros de altura. Se a opção for iniciar com 10 fêmeas e 4 machos, aumente o espaço para 10 x 5 x 2 metros. Dentro de cada viveiro inclua uma caixa de alvenaria ou de madeira com terra.
CUIDADOS – manter as instalações limpas é uma medida preventiva, recomendando-se limpezas semanais. Uma vez por mês, é preciso desinfectar o ambiente com cal e cloro. A cada três meses, os tatus devem receber vermífugo em pó para suínos.
Fonte: Globo Rural