Contagem regressiva para o início do Festival de Cirandas de Manacapuru, no Amazonas

Cassandra Castro

A exemplo do que acontece em vários cantos do Brasil, as festas populares marcam a continuidade de tradições regionais e ao mesmo tempo são oportunidades de geração de emprego e renda para famílias inteiras.

No mês de setembro, a cidade de Manacapuru (distante 68 quilômetros de Manaus) vira a terra das Cirandas. Este ano, o Festival de Cirandas de Manacapuru chega à sua 25ª edição e marca a disputa entre as cirandas anfitriãs da festa: Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional. O festival fomenta a cadeia produtiva da classe artística do município e também de outras cidades do Amazonas.

O Estado tem manifestações culturais conhecidas mundialmente como o Festival Folclórico de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus) que é realizado no último fim de semana do mês de junho e encanta pela grandiosidade e beleza do espetáculo apresentado pelos bois Caprichoso (azul e branco) e  Garantido (vermelho e branco).

O talento dos artistas parintinenses também deixa marcas em outras manifestações culturais como o festival de Manacapuru. O intercâmbio cultural, promovido pelo evento, traz uma gama de personagens com histórias construídas e fortalecidas nos diversos segmentos artísticos. A exemplo de Carlos e Neide Lopes, artistas plásticos parintinenses que após 20 anos de atuação em projetos no Rio de Janeiro e São Paulo, retornam ao festival para coordenar a produção das alegorias da  ciranda Guerreiros Mura. Na bagagem, conhecimentos de quem vive das artes há mais de 30 anos.

“A cultura é um recurso de desenvolvimento sociocultural, então a gente, que trabalha há muito tempo na área, procura estimular. Não é fácil, mas o resultado é gratificante”, afirma Neide. “Através da cultura, a gente traz a arte, a beleza, movimenta a economia, a parte social. Manacapuru está no caminho certo, os investimentos estão chegando e a tendência é crescer ainda mais”, acredita a artista que também produtora cultural.

A troca de conhecimentos entre a classe artística, capacita e forma uma nova safra de artistas manacapuruenses. Na ciranda Flor Matizada, o diretor de itens e artista de figurinos, Max William Souza, é prata da casa.

“A ciranda abriu um leque de oportunidades para fazer acessórios para Manaus, Parintins e até para outras danças folclóricas dos interiores. A área que trabalho envolve muitas pessoas para chegar ao que será mostrado na arena. São costureiras, artesãos, pintores, escultores, todos de Manacapuru”, pontua Max.

O talento parintinense também está presente nas alegorias da ciranda Tradicional. Há dez anos, Algles Ferreira está por trás da montagem do material juntamente com um grupo de 20 profissionais também de Parintins que estão trabalhando no galpão da agremiação folclórica desde o início de agosto, unindo esforços com a equipe local

“Aqui em Manacapuru tem grandes talentos e a diretoria preserva essa interação entre os artistas. Além do intercâmbio cultural, o festival tem um grande potencial econômico, movimenta toda a cidade e isso é bom para o artista e para quem mora aqui”, afirma Algles, incumbido de levar para o Cirandódromo ( arena onde acontecem as apresentações), alegorias criativas e dinâmicas.

Emprego e Renda

O festejo que preserva a cultura regional representa, também, um ganho de renda a mais para quem não é da classe artística, mas aguarda, todos os anos, a oportunidade para reforçar o orçamento. A dona de casa Adriana Picanço, além de se dizer apaixonada pela Ciranda Tradicional, colabora na montagem das alegorias. “É um dinheiro que vem para o nosso município, gera emprego, trabalho, sou mãe e ajuda a pagar contas. Todo ano, gera um emprego para gente”, comemora a moradora de Manacapuru, que se empenha, cuidadosamente, no cortar e colar de cada adereço da alegoria.

Ensaios esquentam clima para início do festival

As três cirandas anfitriãs do festival estão realizando ensaios abertos ao público que servem para criar uma expectativa em torno do evento que terá início no dia 1º de setembro. Nessa terça-feira, 29, a ciranda Guerreiros Mura mostrou uma prévia do espetáculo que será encenado na segunda noite da festa, dia 2 de setembro.

A Ciranda Guerreiros Mura mostrou uma prévia do espetáculo que será encenado no próximo sábado (02/09). Ocupando toda extensão da arena, os cirandeiros tiveram o reforço da torcida, que interagiu e compartilhou a empolgação com a proximidade do 25º Festival de Cirandas de Manacapuru, a ser realizado nos dias 1º, 2 e 3 de setembro.  

Os itens oficiais, todos presentes e com os figurinos de ensaio, entraram na arena com a mesma empolgação que será dedicada à noite oficial. A torcida vai em busca do troféu de Melhor Torcida de 2023. Por isso, o ensaio também se estendeu à arquibancada. Gritos de guerra, luzes para interagir com os cirandeiros e uma bandeira nas cores vermelho, azul e branco foram um show à parte.

“Dá um frio na barriga, mas sentir o calor dessa nação maravilhosa é muito importante. E no ensaio geral, damos uma pequena palhinha do grande espetáculo que está sendo preparado no decorrer do ano”, finaliza Jéssica Alencar, a Princesa Cirandeira.

Festival

O Festival de Cirandas de Manacapuru é organizado pelas agremiações, com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Prefeitura de Manacapuru. Neste ano, o festival ganha uma nova data, coincidindo com os feriados do mês de setembro. A Flor Matizada abre o festival (01/09); na noite seguinte (02/09) é a vez da Guerreiros Mura e, na terceira e última noite (03/09), a Tradicional encerra a programação.

By emprezaz

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