Redação Planeta Amazônia
A quatro meses da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, lideranças da sociedade civil, centros de pesquisa e representantes internacionais entregaram nessa sexta-feira (04) à Secretária Nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, um plano de ação ambicioso voltado à proteção da Amazônia.
O documento intitulado “Ampliando o Grande Financiamento para Soluções Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro de Ação” pede à presidência da COP30 que mobilize esforços públicos, privados e filantrópicos para evitar que a maior floresta tropical do planeta atinja um ponto irreversível de degradação.

Amazônia no centro da crise climática
Com 6,5 milhões de km², a Amazônia abriga 13% da biodiversidade global e armazena até 200 bilhões de toneladas de carbono — o equivalente a duas décadas de emissões globais de CO₂. No entanto, a floresta enfrenta um cenário crítico: 17% de sua área já foi desmatada, 31% está degradada, e a perda de mais 5% pode levar à conversão irreversível em savana.
Especialistas alertam que a emissão de 300 bilhões de toneladas de carbono tornaria inalcançável o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 2°C.

Financiamento é chave — mas ainda insuficiente
O Banco Mundial estima que seriam necessários US$ 7 bilhões por ano para conservar a floresta, mas apenas US$ 5,8 bilhões foram mobilizados na última década. O documento propõe uma reorientação profunda dos fluxos financeiros, hoje majoritariamente voltados a práticas agrícolas insustentáveis, e exige rastreabilidade em cadeias produtivas próximas a áreas críticas de desmatamento.
Propostas estruturadas em três eixos
As recomendações principais dos signatários estão organizadas em três frentes:
Eixo | Proposta |
---|---|
Financiamento para Conservação | Apoio direto a comunidades via iniciativas como ARPA, Fundo Podáali, e programas similares na Colômbia e Peru |
Economia Verde e Inclusiva | Promoção de cadeias livres de desmatamento e rastreabilidade, como IFACC e a Moratória da Soja |
Fortalecimento da Governança | Monitoramento ambiental, capacitação de governos locais e protagonismo de povos indígenas e tradicionais |
Entre os mecanismos propostos, está a criação do Tropical Forest Forever Facility (TFFF), com meta de captar US$ 125 bilhões até 2030, e o lançamento de uma Declaração Global pela Amazônia com metas claras de alinhamento financeiro.

Vozes da liderança
“A COP30 será um ponto de virada no debate climático. Precisamos de soluções financeiras inovadoras, como o Florestas Tropicais para Sempre”, afirmou Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima.
“Conservar a Amazônia é uma estratégia climática urgente. A COP30 pode marcar esse compromisso”, disse Rachel Biderman, da Conservação Internacional.
“Sem recursos para soluções baseadas na natureza, não haverá prosperidade com a floresta em pé”, pontuou Lívia Pagotto, da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia.
Um chamado global
Os autores pedem que o Brasil lidere uma coalizão internacional para garantir que recursos cheguem às comunidades que mantêm a floresta viva. O apelo é claro: proteger a Amazônia é proteger o clima, a biodiversidade e os próprios alicerces da vida no planeta.