Redação Planeta Amazônia
Durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) sobre o enfrentamento ao feminicídio, a deputada Michelle Melo (PDT) fez um discurso enfático em defesa das mulheres acreanas. A parlamentar destacou que o combate à violência de gênero exige políticas públicas efetivas e uma mudança cultural profunda na sociedade.
“Todos aqui sabem do nosso compromisso em cuidar das mulheres do nosso lado. Eu, particularmente, também já sofri violência. Como médica, profissional e mulher em posição de poder, enfrentei situações que muitas de nós conhecemos de perto”, afirmou. Para ela, as mulheres ainda enfrentam agressões psicológicas, emocionais, físicas, políticas e institucionais. “Não é fácil ocuparmos espaços que antes eram só de homens. No Acre, essa cultura ainda é enraizada, mas estamos aqui para quebrá-la”, completou.
A deputada enfatizou que o feminicídio é o desfecho mais brutal de um ciclo de violências que precisam ser combatidas desde a origem. “Nós não disputamos, não competimos. Somos dignas de viver em liberdade, de sonhar e nos desenvolver. Essa girada de chave é necessária, e fico feliz em ver homens participando desse debate, porque precisamos que a voz de vocês se some à nossa”, declarou.
Michelle Melo também cobrou reforço e estrutura para a Patrulha Maria da Penha, responsável por acompanhar mulheres em situação de risco. Segundo ela, o programa funciona “por abnegação e compromisso”, mas conta com menos de 30 policiais para atender todo o estado. “Como mudar a realidade de um estado com índices tão altos de violência doméstica se a equipe é tão pequena?”, questionou.
A parlamentar apontou falhas na rede de acolhimento às vítimas, como a ausência de psicólogos nas delegacias especializadas e a falta de articulação entre os serviços de saúde e segurança pública. “Hoje, se uma mulher chega a uma UPA dizendo que o marido a agrediu, qual rede será acionada? Muitas vezes, não há resposta, porque a rede não está articulada”, afirmou.
Michelle lembrou ainda que tem atuado na Aleac como relatora e autora de projetos voltados à proteção das mulheres. “Todos os projetos que melhoram a vida das mulheres do Acre são aprovados e colocados à disposição da sociedade. Sou autora de várias leis que ajudam nesse combate ao feminicídio”, disse.
Encerrando sua fala, ela reforçou o apelo por um compromisso coletivo na luta contra a violência de gênero. “Precisamos ver as mulheres sendo respeitadas nos cargos que ocupam, sem assédio, e, principalmente, sendo ouvidas, algo que ainda acontece muito pouco”, concluiu.

