Redação Planeta Amazônia
Com o aumento das temperaturas e a intensificação das ondas de calor, as quedas frequentes de energia no verão tornaram-se uma preocupação recorrente. Em 2023 foram registradas 84,2 mil reclamações na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre qualidade do abastecimento no Brasil. Neste ano, diversas localidades espalhadas pelo país já enfrentam problemas com a sobrecarga nos sistemas elétricos. Essas interrupções nos revelam alguns dos efeitos das mudanças climáticas e sobrecarga planetária, que afetam não apenas o fornecimento de energia, mas também diversos aspectos do nosso cotidiano. O pesquisador especialista em mitigação das mudanças climáticas, Carlos Sanquetta, explica que a frequência das quedas de energia durante o verão está intrinsecamente ligada a diversos fatores, sendo os principais relacionados ao aumento do consumo de energia e à vulnerabilidade da infraestrutura energética.
“Eventos climáticos extremos, como ondas de calor muito fortes e incêndios, representam ameaças adicionais à estabilidade do sistema de transmissão de energia elétrica em várias regiões do país. As mudanças climáticas exacerbam esses eventos, colocando em risco a segurança hídrica e energética, especialmente em nações como o Brasil, onde a eletricidade é predominantemente proveniente de usinas hidrelétricas”, afirma Sanquetta.
Durante o verão, o aumento do consumo de energia, principalmente devido ao uso de ar-condicionado e outros aparelhos elétricos, sobrecarrega o sistema elétrico, intensificando as interrupções no fornecimento de energia. Além disso, períodos de estiagem das usinas hidrelétricas reduzem a capacidade de geração de energia, impactando diretamente a oferta de eletricidade.
Nesse contexto, a descarbonização do sistema energético, através da redução das emissões de gases de efeito estufa pela adoção de fontes de energia renovável torna-se crucial. Estratégias como o desenvolvimento de projetos de geração de créditos de carbono podem incentivar a transição para fontes de energia mais limpas e a implementação de tecnologias de baixa emissão de carbono. A comercialização dos créditos de carbono ajuda a garantir a viabilidade financeira da implantação de fontes de energia renovável.
“A descarbonização não apenas contribuirá para reduzir os impactos das mudanças climáticas, mas também para aumentar a resiliência do sistema energético, minimizando as interrupções no fornecimento de energia. O horário de verão, medida que foi abolida, contribuía para a redução do consumo de energia, evidenciando a importância de ações coordenadas para a descarbonização e mitigação dos impactos das mudanças climáticas”, reforça Dr. Sanquetta.
Descarbonização da energia elétrica
Com os avanços no mercado de carbono, atualmente é possível encontrar alternativas para descarbonizar a produção de energia elétrica, o que significa reduzir ou eliminar as emissões de carbono associadas à geração de eletricidade. Isso é fundamental para combater as mudanças climáticas, já que o setor de energia é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE).
Uma das principais estratégias para atingir essa meta é a adoção de fontes de energia renovável, como solar, eólica, hidrelétrica, biomassa e energia das marés. Essas fontes emitem menos gases de efeito estufa durante a geração de eletricidade, tornando-as ambientalmente mais sustentáveis. Além disso, investir em tecnologias de armazenamento de energia, como baterias, é fundamental para lidar com a intermitência das fontes renováveis, garantindo um suprimento estável e confiável de eletricidade.
Segundo Carlos Sanquetta, a eficiência energética também desempenha um papel crucial na descarbonização da energia elétrica. “Melhorar a eficiência na geração, transmissão e consumo de eletricidade pode reduzir a necessidade de produção baseada em combustíveis fósseis. Atividades de eficiência energética também podem ser passíveis de geração de créditos de carbono, o que pode auxiliar as indústrias a fazem essa transição. Além disso, a captura e armazenamento de carbono (CAC) pode ser uma alternativa para usinas de energia que ainda dependem de combustíveis fósseis, como carvão e gás natural. Essa tecnologia permite capturar o dióxido de carbono produzido durante a combustão e armazená-lo de forma segura, reduzindo as emissões”, explica o especialista.
A inovação tecnológica também é essencial para impulsionar a descarbonização da energia elétrica. Continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de energia limpa e soluções de descarbonização é fundamental para tornar essas opções mais acessíveis e eficientes. Em resumo, a descarbonização da energia elétrica requer uma abordagem multifacetada que inclua o aumento da participação de fontes renováveis, melhoria da eficiência energética, desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia e implementação de políticas favoráveis ao meio ambiente.