Redação Planeta Amazônia
Em 17 de julho é comemorado o Dia de Proteção às Florestas. A data que homenageia o Curupira, personagem do folclore brasileiro, foi criada para conscientizar sobre a importância da conservação desse rico ecossistema. A ação humana e as alterações climáticas têm ocasionado riscos constantes de queimadas e devastação, especialmente em períodos mais secos do ano. Só em 2022 foram registrados 200.763 focos de calor nos biomas brasileiros e 16.395.526 hectares de áreas queimadas, o que representa um aumento de 11,25% (focos de calor) e 9,63% (área queimada), em relação ao ano 2021.
Atenta a esse problema que tem se espalhado ao redor do mundo e sido registrado cada vez com mais frequência no Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) conta com um documento normativo completo de prevenção e combate a incêndios em áreas de vegetação, matas e florestas, que há dois anos contribui para que as agências públicas governamentais, o setor privado e a população tenham conhecimentos gerais sobre o tema
A Prática Recomendada ABNT PR 1014 especifica os requisitos mínimos e procedimentos básicos para o combate a incêndios em áreas rurais consolidadas ou nativas (florestas), para proteger a vida e o patrimônio, bem como para reduzir as consequências sociais e os danos ao meio ambiente. Os incêndios em vegetação, matas e florestas formam condições de propagação do fogo distintas dos demais tipos de incêndio que devem ser prevenidos e controlados com técnicas e procedimentos específicos.
Para prevenir e combater incêndios florestais, a Prática Recomendada abrange informações que vão da característica dos incêndios, medidas preventivas, qualificação e capacitação das equipes combatentes, utilização dos equipamentos de proteção individual, coletivos e ferramentas, bem como os aditivos para água de combate, as viaturas e aeronaves usadas nas operações, procedimentos básicos de combate, plano de proteção, além da investigação das causas e origens.
“Com relação ao impacto da publicação da PR1014 na redução dos incêndios florestais no Brasil, pode-se afirmar que algumas ONGs, como o Instituto SOS Pantanal, com o programa Brigadas Pantaneiras e Instituto Kuradomodo, com o Projeto Brigadas Indígenas já adotaram o documento da ABNT, fato que pode ser comprovado no uso do EPI Florestal por estas instituições”, afirma o engenheiro florestal, Paulo Barroso.
Com mais de 28 anos de experiência no combate a incêndios florestais do Mato Grosso, Paulo também é Mestre em Defesa Civil e ex-comandante do Batalhão de Emergências Ambientais do estado e participou ativamente da elaboração da PR 1014.
Norma internacional
A ABNT é protagonista de uma Norma Internacional que define requisitos e procedimentos básicos para combate a incêndios florestais, baseada na Prática Recomendada ABNT/PR 1014:2021.
A ideia é estabelecer condições e procedimentos para o combate de focos em áreas de vegetação, matas e florestas, visando contribuir para que as agências públicas governamentais, bem como o setor privado e a população tenham conhecimentos gerais sobre o tema. A Norma está sendo discutida na Organização Internacional de Normalização, no âmbito do Comitê ISO/TC 92 (Fire Safety), pelos especialistas dos diversos países que participam neste fórum internacional.
“A norma da ABNT, que servirá de base para a norma internacional, foi elaborada utilizando as melhores práticas adotadas no mercado brasileiro e referências técnicas estrangeiras e internacionais”, destaca o presidente da ABNT, Mario William Esper.
Medição de desmatamento
A ABNT também vem liderando os debates internacionais da ISO para a criação da primeira norma para determinação da métrica de desmatamento, por meio do estabelecimento de procedimentos para medição da colheita ou extração de vegetação nativa em áreas com atividade de manejo. “A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, a expansão urbana, tudo isso está levando muitas espécies vegetais e animais à extinção. A cada ano, aproximadamente 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. As estimativas sugerem que, se isso continuar, várias espécies de animais desse ecossistema poderão estar extintas dentro dos próximos 30 anos”, ressalta o presidente da entidade Mario William Esper.