Redação Planeta Amazônia
Quando o assunto é chocolate, o Brasil é campeão, mas nem todos os brasileiros conhecem seus craques. Em quantidade, somos o sexto maior produtor mundial de cacau, de acordo com a International Cocoa Organization. Em qualidade, temos algumas das variedades produzidas no Pará – atualmente o maior produtor nacional do fruto – reconhecidas internacionalmente pelo Cocoa of Excellence entre as melhores amêndoas do planeta. Além disso, os pequenos negócios da Amazônia têm explorado possibilidades de misturar o fruto a outros ingredientes locais, como cupuaçu, açaí e castanha, produzindo chocolates únicos e com enorme potencial de mercado.
A boa notícia, no dia do Chocolate (7/7), é que essas iguarias estão cada vez mais perto de todos os brasileiros. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae/PA) tem atuado para qualificar esses negócios, ajudando os chocolates da floresta a serem cada vez mais conhecidos pelos consumidores do Brasil e do mundo.
“A Amazônia tem o clima ideal para o cacaueiro e pode conquistar cada vez mais destaque no mercado nacional e internacional se apostarmos em formas sustentáveis e inclusivas de produção”, explica o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno. “Ao capacitar os produtores a alcançarem outros mercados dentro e fora do Brasil, bem como atender clientes estrangeiros que virão ao Pará, especialmente no ano que vem, durante a conferência do clima, contribuímos tanto para o fortalecimento do empreendedorismo como do próprio mercado de chocolate, que se torna mais diverso e inclusivo”.
Uma das empresas apoiadas pelo Sebrae no Pará e que oferece seus produtos para consumidores de todo o Brasil é a Amazoniere: além de suas duas lojas físicas em Belém, a marca tem uma loja virtual, que atende todo o Brasil. A proprietária, Aládia Araújo Nascimento, conta que as mentorias do Sebrae e a participação em feiras têm sido essenciais para fomentar o negócio.
A Cacauaré alia inovação e saberes ancestrais para vender uma variedade de delícias, como cacau 100%, granola, nibs e geleias. Para Noanny Maia, CEO da empresa, a capacitação é uma forma de democratizar oportunidades. “Conhecimento sobre boas práticas de manejo e de garantia de qualidade das amêndoas e subprodutos é algo fundamental para nossos negócios, além de ações de comercialização que valorizem o cacau da Amazônia também no mercado internacional”, afirma.
A Kakao Blumenn Chocolate Artesanal, criada por Verônica Preuss, já conquistou prêmios nacionais e internacionais fazendo uso de poucos ingredientes e valorizando os frutos da floresta.
Nativo da floresta, o cacau é um dos carros-chefe da bioeconomia amazônica. O Pará é o maior produtor nacional do fruto: o IBGE estima que, em 2024, o estado deve produzir mais de 152 mil toneladas de cacau, empregando cerca de 30 mil produtores. Boa parte dessa produção vai para grandes multinacionais, já que o cacau é considerado uma commodity agrícola e o mercado de chocolate é dominado por grandes multinacionais, como Kraft, Nestlé, Mars, Hershey, Ferrero etc.
A capacitação de pequenos produtores autorais fortalece um nicho de mercado cada vez mais valorizado pelo consumidor, dos chocolates de alta qualidade, e favorece a inserção dos empreendedores nesse setor, que atualmente estão se beneficiando de um ciclo de alta na cotação do cacau. Segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO), o cacau é a commodity agrícola que mais se valorizou em 2024, com pico de 191% registrado em abril.