Redação Planeta Amazônia
Pesquisadores brasileiros e europeus se reuniram em Manaus, nessa quarta-feira (22), para o evento “Conectando saberes para a ciência com impacto na Amazônia – Diálogo nórdico-brasileiro rumo à COP-30 e além”, que busca promover uma cooperação científica mais inclusiva e transformadora na região. A atividade ocorre até esta quinta-feira (23), no auditório Deputado Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam).
A iniciativa conta com o Consulado da Finlândia em São Paulo, as Embaixadas da Suécia e da Noruega em Brasília, a Iniciativa Amazônia+10, a Fapesp e o financiamento do Nordic Embassy Cooperation Programme (NEP).
Para a diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales Mendes Silva, o evento representa uma oportunidade estratégica para ampliar o diálogo e consolidar parcerias internacionais voltadas ao desenvolvimento científico sustentável na Amazônia. “Estamos recebendo representantes de embaixadas, instituições e pesquisadores da Finlândia, Noruega e Suécia para socializar as ações em ciência, tecnologia e inovação e construir novas conexões”, afirmou.
Márcia destacou ainda que integrar as ações de pesquisa é um dos grandes desafios. “O Amazonas preserva 97% de sua floresta tropical, e é essencial garantir qualidade de vida às populações que vivem abaixo da copa das árvores — comunidades tradicionais, ribeirinhos, pescadores e quilombolas.”

Saberes científicos e tradicionais
O encontro também busca integrar a ciência moderna ao conhecimento ancestral dos povos originários. “Queremos promover conexões entre pesquisadores e comunidades tradicionais, fortalecendo o protagonismo indígena na produção de conhecimento”, explicou Rafael Andery, secretário-executivo da Iniciativa Amazônia+10.


Durante a abertura, o antropólogo e pesquisador indígena João Paulo Lima Barreto, da etnia Tukano, abordou o tema “O sistema de conhecimento indígena frente aos desafios do desequilíbrio do mundo terrestre”. Ele destacou que os povos indígenas habitam a Amazônia há mais de dois mil anos e contribuíram para manter o território preservado. “Estamos diante de uma crise climática global e precisamos construir soluções em conjunto, respeitando as diferenças e valorizando os saberes tradicionais.”
A pesquisadora Hanna Guttorm, da Universidade de Helsinque, também participou com a palestra “Indigenização da Academia e das discussões de Sustentabilidade”, ressaltando a importância da escuta e da valorização das culturas originárias.
Cooperação internacional
Representantes dos países nórdicos reforçaram o papel da cooperação internacional. “O evento une pesquisadores nórdicos e brasileiros com valores comuns: igualdade, natureza e compromisso com o clima”, afirmou Johanna Kivimäki, do Consulado da Finlândia.
Patrick Reurink, da Embaixada da Noruega, destacou que a nova estratégia de cooperação do país com o Brasil prioriza o meio ambiente. “A Noruega apoia financeiramente iniciativas como a International Climate and Forest Initiative (NICFI), reforçando o compromisso com a Amazônia.”
Diálogos e grupos de trabalho
Durante os dois dias, pesquisadores participam de sessões interativas e grupos de trabalho sobre crise climática, biodiversidade, políticas públicas e negócios sustentáveis. Representantes da Finep, CNPq, Fapesp, Conselho de Pesquisa da Finlândia e União Europeia também discutem estratégias para ampliar o impacto da ciência na formulação de políticas públicas.