Redação Planeta Amazônia
André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), participou nesta quinta-feira (12), do “Diálogo Brasil-Noruega sobre Clima e Meio Ambiente”, evento organizado pela Embaixada do Brasil em Oslo, na Noruega. O encontro debateu oportunidades de colaboração ambiental entre os dois países, como a redução de emissões no agronegócio, a proteção de florestas e os preparativos para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).
Desde maio, André também ocupa a posição de Enviado Especial da Sociedade Civil para a COP30, a convite do presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago. O cargo tem caráter pessoal, técnico e voluntário, com o objetivo de facilitar a articulação e criar canais de comunicação entre a presidência da conferência e setores estratégicos.
“Não temos como alcançar as metas definidas no Acordo de Paris sem a Amazônia. Não há como pensar em atingir a meta de 1,5°C sem as florestas tropicais. Além disso, sem essas florestas, não teremos segurança alimentar global. Isso porque entre 40% e 50% da produção mundial de alimentos vem de países tropicais, onde, na maioria dos casos, a agricultura não é irrigada e, portanto, depende das chuvas geradas pelas florestas. Tudo está interconectado, e essa relação entre campo e floresta precisa estar no centro das discussões da COP30”, destacou Guimarães.

Além da imprevisibilidade das chuvas, outro desafio enfrentado pelo agronegócio brasileiro são as temperaturas cada vez mais elevadas. Segundo estudos conduzidos pelo IPAM na região central do Brasil, para cada grau de aumento na temperatura, a produção de soja pode cair 6%, enquanto a de milho pode sofrer uma redução de até 8%. Alterações no clima também estão associadas à ocorrência de eventos extremos e à perturbação dos regimes de chuvas, o que resulta em perdas para as safras.
“Temos regiões do Cerrado e da Amazônia em que foi registrado um aumento de até 4°C na temperatura média. Isso significa que o cultivo de soja e milho nessas áreas já não é viável ou lucrativo. Precisamos, portanto, mudar o paradigma e enxergar as florestas como parte do sistema produtivo. Quanto mais floresta tivermos, mais produção, mais água e mais controle natural de pragas teremos”, alertou o diretor.
Ao todo, o evento reuniu mais de 20 representantes da sociedade civil e tomadores de decisão do Brasil e da Noruega. Entre os participantes estavam Ana Toni, diretora-executiva da COP30 e secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil; Rodrigo de Azeredo Santos, embaixador do Brasil na Noruega; Andreas Eriksen, ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega; Ragnhild Syrstad, secretária de Estado do Ministério do Comércio, Indústria e Pesca da Noruega; e Sineia do Vale, liderança indígena da etnia Wapichana e copresidente do IIPFCC (Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudança do Clima).
* Com informações de Lucas Guaraldo