Redação Planeta Amazônia
Com o fenômeno El Niño assolando o clima no planeta, as consequências negativas na economia brasileira têm preocupado os produtores. Em Roraima não é diferente e o Governo do Estado, por meio da Seadi (Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação), está empenhando esforços para minimizar os prejuízos causados pelo aumento da seca.
Os reflexos da estiagem já são presentes em Roraima. Na zona Rural de Boa Vista, o produtor Edson Rodrigues planta frutas e hortaliças, mas foi pego de surpresa pela chegada do El Niño deteriorando a lavoura em 70% com a escassez das chuvas. “Há 45 dias não chove na região do Murupu, onde os poços artesianos e tanques também não estão dando conta da irrigação na lavoura. As chuvas cessaram ainda em julho e aqui já perdemos o plantio de pimentão, abóbora e milho”, destacou.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a intensidade do El Niño deve aumentar nos próximos dias impactando seca severa e mais focos de incêndio nas regiões Norte e Nordeste do país.
“Este fenômeno ocorre a cada 5 ou 7 anos e caracteriza-se pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico equatorial. Com isso, há uma série de alterações, que vão desde a circulação de ventos até a distribuição de umidade, elevando o risco de catástrofes ambientais. Sob a ação do El Niño, as chuvas diminuem drasticamente durante o inverno roraimense e os produtores buscam adaptar-se com as culturas de plantio, minimizando os impactos negativos na economia”, detalhou técnico da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação, Wolney Costa.
Em todo o Estado, o Corpo de Bombeiros também está atento às alterações climáticas e estiagem. Segundo o coronel Anderson Matos, o cenário climatológico prevê que o El Niño continue com mais de 95% de probabilidade entre dezembro de 2023 a fevereiro de 2024. “Os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam a força do fenômeno neste período, e o Corpo de Bombeiros deverá atuar com estratégias específicas sobre os incêndios, exaurimento hídrico, perdas de lavoura, pecuária, problemas respiratórios, consumo de água imprópria e outros”, destacou.
O presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Glicério Fernandes, pontuou a importância das políticas públicas do Governo do Estado contra o desmatamento ilegal, diminuindo os incêndios florestais. “Os impactos causados pelo El Niño são sentidos por todos, afetando, principalmente, a economia, onde se faz necessário um esforço maior do Estado para que as pessoas possam viver de forma mais saudável”, disse.
Para o secretário adjunto estadual de agricultura, Marlon Buss, além dos danos ambientais, os prejuízos agropecuários são enormes. “Sob a ação do El Niño, as safras de alimentos diminuem em decorrência do calor e escassez de água, mas para manter uma boa safra em 2024, é preciso que os produtores trabalhem com atenção no calendário de plantio”.
Diagnóstico
Com o objetivo também de minimizar os impactos do El Niño nas lavouras, a Seadi iniciou neste mês de setembro um diagnóstico junto aos produtores da Agricultura Familiar, no intuito de garantir soluções benéficas específicas.