Redação Planeta Amazônia
Cada brasileiro gera, em média, 64 quilos de resíduo plástico por ano, totalizando cerca de 13,7 milhões de toneladas, segundo o Panorama dos Resíduos Plásticos no Brasil, divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2022.
Diante desse cenário, iniciativas voltadas à reciclagem ganham ainda mais relevância. Um exemplo é o Laboratório de Reciclagem de Resíduos Plásticos, reinaugurado em fevereiro, no bairro Colônia Terra Nova, em Manaus (AM), pela Fundação Amazônia Sustentável e Innova S.A à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis do Amazonas (ASCARMAN). O espaço reforça a gestão de resíduos sólidos e impulsiona a reciclagem do poliestireno (PS) pós-consumo, contribuindo para o fortalecimento da economia circular.

O projeto, já em sua segunda fase, atua em 6 bairros de Manaus, e com membros da ASCARMAN, beneficiando diretamente 32 pessoas nos componentes de infraestrutura, educação ambiental e geração de renda complementar.
Mensalmente, a ASCARMAN recolhe mais de 60 toneladas de resíduos que serão reciclados e comercializados para a Videolar-Innova S.A., promovendo um ciclo sustentável de reaproveitamento.
A reinauguração faz parte do projeto InnPacto Amazônia, da empresa Innova, que busca desenvolver uma tecnologia inovadora para a reutilização do poliestireno. A iniciativa é realizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Videolar-Innova S.A. e conta com o apoio da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp) e da ASCARMAN.
A Innova apoia a ASCARMAN, em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), em projeto de inserção da resina poliestireno (PS) na economia circular com o ECO-PS®, resina pioneira no Brasil.

O ECO-PS®, nascido em Manaus, possui até 30% de material reciclado em sua composição e oferece as mesmas propriedades mecânicas da resina virgem. Suas aplicações são muito versáteis, em eletrodomésticos, materiais de escritório, impressoras, dentre outras. O trabalho da ASCARMAN é duplamente virtuoso, à medida em que gera oportunidades de renda para os catadores e colabora para uma cidade de Manaus mais limpa e inserida no contexto da economia circular.
Os envolvidos no projeto passaram por formações, por meio da empresa Benevolência, a fim de que eles mobilizem seus bairros com ações de educação ambiental, como evitar lixeiras inapropriadas e incentivar a população a utilizar mais os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) para o descarte correto de resíduos sólidos. Outra iniciativa do projeto é a divulgação de uma campanha de conscientização sobre a importância da reciclagem, com a colagem de cartazes em seis bairros de Manaus.

“A reinauguração simboliza a valorização de um trabalho muitas vezes invisibilizado: a coleta seletiva. Além disso, o projeto prevê capacitação para os participantes, conscientização sobre o valor monetário dos resíduos e os impactos positivos da reciclagem”, explica Valcléia Lima, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS.
Ela acrescenta que reconhecer os resíduos como uma oportunidade de geração de renda e como um trabalho digno fortalece não apenas a atuação dos catadores, mas também o combate às mudanças climáticas. “Isso engrandece muito nossa capacidade de contribuir na mitigação contra as mudanças climáticas, porque tudo começa com a nossa atitude”, enfatiza.
Valorização
Para Andreia Soares, catadora e secretária da ASCARMAN, a reinauguração do laboratório representa um avanço significativo para a categoria. “Nós, catadores, somos responsáveis por trazer os materiais para a reciclagem. O laboratório trará reconhecimento social e incentivo financeiro para nosso trabalho”, destaca.
Ela também reforça a necessidade de conscientização da população sobre o processo de reciclagem. “Nós sofremos um preconceito social muito forte. Há pessoas que pensam que entregar o material reciclável já é suficiente, mas há todo um processo de triagem, limpeza e armazenamento antes da reutilização. Esse ciclo precisa ser compreendido para que o sistema funcione de maneira eficiente”, explica.
As ações incluem melhorias na infraestrutura, educação ambiental e geração de renda complementar.
Um dos principais objetivos é transformar a ASCARMAN em um empreendimento social de reciclagem de plásticos, baseado na economia circular e em parcerias estratégicas, como a Semulsp e associações comunitárias de outros bairros. Além disso, há o planejamento para que a associação preste serviços para empresas e condomínios.
“Temos metas a cumprir antes de transformar a ASCARMAN em um modelo de negócio sustentável. Tudo será feito de forma democrática, garantindo dignidade aos catadores que dependem dessa atividade e compreendem o valor do plástico na economia circular”, explica a superintendente da FAS.