Redação Planeta Amazônia
A preparação de jovens para um mercado de trabalho transformado pela transição ecológica e energética foi o foco do painel “Empregos verdes e a criação de uma nova geração centrada no planeta”, realizado na COP30. A atividade, conduzida pela Demà, tecnologia social da Renapsi, reuniu representantes da educação, do setor privado, do terceiro setor e de organizações de impacto para discutir como unir sustentabilidade, inclusão produtiva e propósito profissional
O diretor da Demà, Vinícius Tondolo, abriu o debate destacando que o país precisa enxergar os empregos verdes como uma estratégia de desenvolvimento. Segundo ele, o impacto dessa agenda já é realidade e deve ser incorporado à política econômica. “Se o Brasil quiser aproveitar essa oportunidade histórica, precisa transformar o debate climático em estratégia de desenvolvimento, com capacitação, propósito e inclusão produtiva”, afirmou.
Tondolo apresentou dados de um estudo realizado pela instituição com 120 mil jovens atendidos entre 2013 e 2023, que apontou 91% de conclusão do ensino médio e igual percentual de inserção no mercado de trabalho um ano após o programa. O levantamento também mostra ascensão social média equivalente a quase dois salários mínimos após dois anos de atuação profissional. “Isso é justiça social e empoderamento econômico”, destacou.
A secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, ressaltou que o desafio educacional é tão urgente quanto o ambiental. Ela apresentou o conceito de escolas resilientes, que integram infraestrutura adaptada, acolhimento, currículo climático e preparo para eventos extremos — uma prioridade reforçada pelas recentes enchentes no estado. “Estamos formando uma geração que precisa estar preparada para um mundo que já é diferente. A educação profissional é um eixo estratégico da economia verde”, observou.
Representando o setor empresarial, o consultor da C.A.I.S., Bernardo Piquet, destacou que empresas e investidores estão cada vez mais comprometidos com práticas socioambientais, o que impulsiona a criação de novas ocupações. “Hoje, um terço de todo o capital investido no mundo segue critérios de sustentabilidade, e isso tende a crescer. As gerações mais jovens estão moldando essa mudança”, afirmou.
Encerrando o painel, Danilo Maeda, diretor-geral da Beon, lembrou que a sustentabilidade se tornou uma competência transversal em qualquer área profissional. “Os empregos verdes estão em todo lugar. Não se trata de uma carreira específica, mas de uma fluência necessária para atuar em organizações que já operam sob novas expectativas sociais, ambientais e regulatórias”, disse.
O encontro integrou o “Mês da COP na Demà”, iniciativa que mobiliza cerca de 40 mil jovens em todo o país por meio de formações, debates, oficinas e rodas de conversa sobre clima e futuro do trabalho. Entre as atividades estão oficinas sobre saberes amazônicos, realizadas em parceria com o Museu das Amazônias, e transmissões da Demà Sagres TV com foco em protagonismo juvenil e sustentabilidade.

