Redação Planeta Amazônia
A COP30 terminou em Belém com um texto final considerado fraco por organizações socioambientais, que apontam falta de respostas à urgência científica e às demandas dos povos da floresta e das periferias. Para entidades, o resultado representa uma vitória da indústria fóssil, do mercado financeiro e de setores negacionistas, mantendo o mundo dependente de combustíveis fósseis, desmatamento e mecanismos de financeirização do clima.
O acordo retirou trechos que poderiam indicar uma mudança consistente na trajetória do aquecimento global e adiou para Bonn, em junho de 2026, debates sobre adaptação e mitigação. Para o Instituto Internacional Arayara, a decisão é inaceitável. A organização afirma que não é possível falar em transição justa com novos projetos de petróleo e gás, nem com cadeias produtivas que dependem de desmatamento. Também critica a ausência de metas claras e de um compromisso explícito com o fim dos combustíveis fósseis.
A entidade destaca que o texto permite que o Brasil siga ofertando novos blocos de exploração de petróleo e gás em áreas sensíveis da Amazônia, além de realizar leilões para centenas de novas termelétricas. Para o instituto, o capítulo sobre financiamento climático mantém brechas que favorecem o setor financeiro em detrimento dos territórios mais afetados pela crise ambiental.
A Arayara reforça que financiamento climático é uma obrigação derivada das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, e que esses recursos não devem estar vinculados à expansão de combustíveis fósseis, mineração ou mecanismos de compensação considerados insuficientes.
Diante do resultado considerado insuficiente, a organização divulgou um conjunto de posicionamentos. Entre eles, o fim imediato da abertura de novas fronteiras fósseis no Brasil e o cancelamento de leilões de petróleo e gás em regiões sensíveis, incluindo a margem equatorial e bacias que se sobrepõem a territórios indígenas, quilombolas, unidades de conservação e áreas de pesca artesanal. A entidade defende ainda a exclusão definitiva do gás fóssil das estratégias nacionais de transição energética e o compromisso formal de eliminação de todos os combustíveis fósseis.
A Arayara também propõe metas mensuráveis nos próximos ciclos de NDC e nos planos nacionais de energia para encerrar o uso de carvão, óleo combustível e gás, alinhadas ao limite de 1,5°C. A organização cobra ainda financiamento climático em escala, com justiça e transparência, condicionado ao respeito aos direitos humanos e à não expansão de combustíveis fósseis.
Outro ponto enfatizado é a centralidade dos povos da floresta, das águas e das periferias nas decisões, com participação efetiva em conselhos nacionais, mecanismos financeiros e processos de licenciamento. A entidade reforça ainda a necessidade do fim de novas usinas a carvão e da inclusão de trabalhadores nas políticas públicas de transição energética, citando como exemplo a previsão de contratação do Complexo Jorge Lacerda, em Santa Catarina, até 2040, ao custo de 1,8 bilhão de reais.
A Arayara encerra sua avaliação afirmando que não aceitará conferências climáticas que normalizem a expansão de fósseis e a destruição de florestas. Segundo a entidade, caso governos sigam entregando resultados mínimos, movimentos sociais e povos da floresta continuarão organizando respostas de resistência e construção de alternativas.

