Redação Planeta Amazônia
Durante quatro dias, a capital acreana, Rio Branco, foi sede de um dos encontros mais importantes para a agenda ambiental global: a 15ª Reunião da Força-Tarefa dos Governadores pelo Clima e Florestas (GCF Task Force). O evento reuniu representantes de 43 estados subnacionais de 11 países – responsáveis por mais de um terço das florestas tropicais do planeta –, e encerrou-se com discursos marcantes e ações que sublinharam o estabelecimento da Nova Economia Florestal.
Na cerimônia de encerramento da assembleia, o atual presidente da Força-Tarefa, o governador do Acre, Gladson Cameli, fez uma defesa enfática da preservação das florestas com desenvolvimento social e econômico sustentável.
“É preciso sair da teoria para a prática. Os eventos climáticos extremos estão se intensificando e a única resposta eficaz é a união global. O Acre faz sua parte desde 2010, com o Sisa [Sistema de Incentivos por Serviços Ambientais] e o programa de carbono, mas precisamos de mais. Precisamos de justiça climática e apoio dos que têm mais recursos”, frisou o governador.

Cameli destacou o papel do Acre como pioneiro na implementação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade ambiental. Criado em 2010, o Sisa e o Programa REM, financiado pelo banco alemão KfW, foram citados como exemplos de iniciativas que levam benefícios reais às comunidades indígenas, ribeirinhas e de pequenos agricultores.
A chave dessa equação é uma produção sustentável e a efetivação de projetos responsáveis de crédito de carbono. Nenhuma política ambiental será eficiente se as famílias que vivem nas florestas não tiverem recursos garantidos para criar seus filhos”, afirmou.
O reconhecimento internacional
O líder internacional da Força-Tarefa, William Boyd, exaltou durante seu discurso, a hospitalidade do povo acreano e o histórico de protagonismo do Estado em iniciativas voltadas à preservação ambiental, lembrando da importância do Acre na fundação do GCF Task Force e a primeira vez que o estado sediou o evento, em 2014.
“O Acre é exemplo global. Desde a primeira reunião do GCF no Brasil, em 2009, temos visto um movimento crescente e consistente por parte de estados como este. O GCF nasceu para construir uma nova economia da floresta. E é aqui, na Amazônia, que essa economia ganha rosto, voz e esperança”, declarou Boyd.
Durante toda a semana, assuntos importantes ligados ao Meio Ambiente foram discutidos pelos participantes da reunião. Temas como bioeconomia, governança ambiental, créditos de carbono e inclusão das comunidades tradicionais foram debatidos e a ênfase durante as conversas foi a de que é urgente transformar promessas e compromissos em ações concretas.

A secretária de Povos Indígenas do Acre, Francisca Arara, reforçou a importância da escuta ativa e da valorização dos conhecimentos tradicionais na construção de soluções para a crise climática. A gestora destacou que os povos originários não são apenas vítimas das mudanças climáticas, mas anseiam ser protagonistas na preservação das florestas. “Nós não queremos ser apenas convidados, queremos ser parte das decisões. Somos guardiões da floresta e nossas vozes precisam ser ouvidas nos espaços de poder e negociação”, afirmou, recebendo aplausos dos participantes.
No encontro, os governadores compartilharam experiências e soluções aplicadas em seus estados, destacando iniciativas voltadas ao fortalecimento comunitário e à valorização dos pagamentos por serviços ambientais como ferramentas essenciais para o desenvolvimento sustentável e a conservação das florestas tropicais.