Da redação do Planeta Amazônia
Em sua 14ª edição, o Relatório Planeta Vivo, estudo desenvolvido pela ONG WWF, revela uma queda média de 69% nas populações de animais selvagens em todo o mundo desde 1970. O índice de 2022 analisou quase 32.000 populações de espécies selvagens, acompanhando de forma abrangente como elas estão respondendo às pressões em seu ambiente.
A mudança da cobertura e uso do solo continua a ser a maior ameaça atual para a natureza, destruindo ou fragmentando os habitats naturais de muitas espécies vegetais e animais terrestres, de água doce e marinhos. No entanto, se não formos capazes de limitar o aquecimento a 1,5ºC, é provável que as alterações climáticas se tornem a causa predominante da perda de biodiversidade nas próximas décadas.
A crise climática e a perda de biodiversidade não são apenas problemas ambientais, mas também questões econômicas, de desenvolvimento, de segurança, sociais, morais e éticas. Os países desenvolvidos são responsáveis pela maior parte da degradação ambiental, mas são as nações em desenvolvimento que são impactadas desproporcionalmente pela perda de biodiversidade.
Os cientistas já alertaram que se não tratarmos dessas duas emergências conjuntamente nenhuma delas será solucionada de forma efetiva. “Nossa sociedade está na bifurcação mais importante de sua história e enfrenta seu mais profundo desafio de mudança de sistemas em torno do que talvez seja o mais existencial de todos os nossos relacionamentos: aquele com a natureza.” Comentou Marco Lambertini, Diretor Geral da Rede WWF.
As regiões tropicais são as mais afetadas pela perda de biodiversidade. As populações de espécies de água doce monitoradas tiveram um declínio alarmante de 83% desde 1970, mais do que qualquer outro grupo de espécies. A perda de habitat e as barreiras às rotas de migração são responsáveis por cerca de metade das ameaças a essas populações. No Brasil, por exemplo, animais icônicos, como o boto, estão entre os mais ameaçados. Além da contaminação por mercúrio, usado nas atividades de garimpo, eles sofrem com as redes de pesca, ataques em represália pela danificação de equipamentos de pescadores e com seu uso como isca na captura da Piracatinga, diz o WWF. Entre 1994 e 2016, a população de botos cor-de-rosa caiu 65% na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Estado do Amazonas.
Há muitas maneiras de reverter a perda da natureza que incluem esforços de conservação mais ousados e ambiciosos. No entanto, também precisamos de mudanças transformacionais na forma como produzimos e consumimos, tais como tornar a produção e o comércio de alimentos mais eficientes, reduzir o desperdício e favorecer dietas mais saudáveis e sustentáveis. Todos nós temos um papel a desempenhar na construção de uma sociedade sustentável para a natureza, protegendo o planeta e garantindo o bem-estar de todos.