Redação Planeta Amazônia
Pela primeira vez, pesquisadores do Instituto Norueguês de Pesquisa Marinha estudaram a concentração de nutrientes nos excrementos das baleias, antes de serem dissolvidos no mar. A análise mostrou que o excremento das baleias desempenha um papel importante no fitoplâncton – algas microscópicas que absorvem dióxido de carbono por meio da fotossíntese e o convertem em oxigênio – e dá uma pequena contribuição na luta contra as mudanças climáticas.
O instituto, em comunicado nessa quinta-feira, 9, afirmou que o excremento vale ouro para o combate às mudanças do clima. “Pode parecer nojento, mas para o ecossistema [o excremento de baleia] vale seu peso em ouro (…) A ideia é simplesmente que esses excrementos fertilizem os oceanos, como vacas ou ovelhas fazem na terra”, disse.
No processo de análise das fezes de baleias comuns caçadas por baleeiros, os pesquisadores descobriram que cerca de 15 mil baleias que migram todo verão para o arquipélago norueguês de Svalbard, no Ártico, liberam diariamente cerca de 600 toneladas de excrementos na superfície da água (cerca de 40 quilos por animal). A Noruega é um dos poucos países do mundo que autoriza a caça comercial desses animais.
A análise mostrou que o excremento das baleias desempenha um papel importante no fitoplâncton.Foto: “Mike” Michael L. Baird | CC 2.0
O estudo apontou que essas fezes liberam diariamente cerca de 10 toneladas de fósforo e sete toneladas de nitrogênio — nutrientes essenciais para o crescimento do fitoplâncton. Os cientistas concluíram que os excrementos contribuíram entre 0,2 e 4% da produção primária diária (produção de fitoplâncton) na região de Svalbard.
O diretor da pesquisa, Kjell Gundersen, explica que a contribuição das baleias para o equilíbrio do clima é bem maior do que se pode imaginar, pois o estudo somente analisou os excrementos, ficando de fora a urina que também pode ser um elemento de ajuda. “A contribuição real das baleias é provavelmente maior porque essas estimativas não incluem sua urina, que é muito rica em nitrogênio”, explica o pesquisador, já que cada baleia libera centenas de litros de urina por dia.
De acordo com Gundersen, a redução no número desse animal nos mares representa um risco de haver menos fertilização da superfície dos oceanos. Em contrapartida, mais produção de fitoplâncton significa que mais CO2 é absorvido, portanto, uma pequena fração a menos do aquecimento global.