Redação Planeta Amazônia
No segundo dia da ExpoAmazônia Bio&Tic, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) participou de uma programação voltada a temas estratégicos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e contribuiu com discussões sobre inclusão, geração de renda e valorização de saberes tradicionais, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade e o fortalecimento das comunidades locais.
No painel “Bioeconomia da Floresta: a importância das mulheres para geração de renda nas comunidades da Amazônia”, a vice-presidente do Conselho de Administração da FAS, Izolena Garrido, ressaltou o protagonismo das mulheres na bioeconomia. “O protagonismo feminino é fundamental para fortalecer as cadeias produtivas na Amazônia, onde as mulheres indígenas, ribeirinhas e quilombolas trazem consigo conhecimentos ancestrais essenciais para a sustentabilidade da região. É essencial reconhecer o valor humano e o conhecimento que essas mulheres trazem para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, reforçou Izolena.
Vanda Witoto, indígena do povo Witoto e fundadora do Ateliê Derequine, também esteve no painel e destacou a ausência de estrutura de apoio à economia indígena. “A economia indígena é amplamente ignorada, e sem uma cadeia organizada, os negócios liderados por mulheres se tornam desvalorizados. As mudanças climáticas impactam diretamente as atividades dessas mulheres e suas comunidades. No Ateliê Derequine, buscamos transformar essa realidade, desenvolvendo iniciativas que têm impacto social e ambiental, pois acreditamos que a moda é política e uma forma de luta”, afirmou.
Moda e sustentabilidade na Amazônia
Oskar Metsavaht, fundador da Osklen, do Instituto-E e membro do Conselho de Administração da FAS, ministrou a palestra “Moda de Luxo: Revolucionando o Futuro com Sustentabilidade” e destacou a necessidade de transformar matérias-primas em produtos de desejo no universo da moda. “O futuro de produtos e serviços deste milênio é sustentável, e temos a capacidade de nos tornarmos uma das regiões geográficas mais férteis do planeta, com potencial tecnológico e criativo para essa transformação”, disse Metsavaht.
Ao transformar matérias-primas em produtos desejáveis, o Instituto-E e a Osklen ressignificam o conceito de novo luxo, integrando inclusão social, uso responsável de recursos naturais e desenvolvimento sustentável. “A moda é uma poderosa plataforma de comunicação e transformação social. No Brasil, especialmente na Amazônia, temos uma riqueza única de materiais que inspiram e impulsionam a criação”, destacou.
Políticas públicas e bioeconomia
Durante o painel “Políticas Públicas para Bioeconomia da Amazônia”, o superintendente de inovação e desenvolvimento institucional da FAS, Victor Salviati, reforçou a importância da integração entre diferentes setores para promover a bioeconomia na região. Segundo Salviati, foi muito interessante ver como, mesmo sem uma conexão proposital, esses setores estão naturalmente interligados.
Salviati também enfatizou a visão da FAS sobre a bioeconomia como uma atividade capaz de gerar prosperidade e transformação para a região. “Fizemos um exercício de pensar no futuro da bioeconomia para os próximos dez anos, e foi unânime que, nesse período, ela deve fazer parte do PIB da Amazônia e do Amazonas. Ciência e tecnologia, integrados aos povos indígenas e comunidades tradicionais, são pilares fundamentais para que essa bioeconomia se desenvolva de forma sólida e pragmática,” concluiu.
Empreendedorismo e Sustentabilidade na Prática
Encerrando o segundo dia do evento, o gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da Amazônia da FAS, Wildney Mourão, mediou o painel “Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis”. O debate contou com a participação de Roberto Brito, empreendedor da Pousada do Garrido e beneficiário da FAS, e Edson Gonçalves, supervisor de projetos da FAS. Também participaram Vivian Chun, fundadora da Moma, e Ecivaldo Dias, diretor-presidente da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC).
Wildney destacou a importância de eventos como a ExpoAmazônia Bio&TIC como um integrador dos diversos atores do ecossistema amazônico. “O evento tem um papel essencial ao conectar diferentes ações das cadeias de valor da sociobiodiversidade com as inovações que surgem no mundo digital. Ele cria pontes entre academia, empresas e negócios para discutir produtos, serviços e soluções de maneira integrada”, explicou.
Para Roberto Brito, o empreendedorismo na Amazônia enfrenta desafios ainda mais intensos devido às mudanças climáticas. “. As mudanças climáticas têm impactado nosso trabalho a cada ano, especialmente com a seca. Cerca de 70% da renda da comunidade vem do turismo, então, se não fizermos um planejamento adequado e criarmos subsídios para os empreendedores e as comunidades, enfrentaremos dificuldades a cada ano. As mudanças climáticas precisam ser vistas como parte do nosso cenário de adaptação”, reforçou Roberto.