Redação Planeta Amazônia
Debater diferentes modelos nas atividades e nos setores das novas economias na Amazônia foi foco do painel “Desafios para a inovação no estabelecimento de novos arranjos e negócios”, que aconteceu no início da tarde do segundo dia da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias.
O evento é realizado em Belém pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), organização sem fins lucrativos, que reúne mais de 130 empresas e instituições que atuam no setor mineral e assumiram o compromisso de proteger a Amazônia.
No segundo dia do encontro,31/08, os painelistas foram questionados a respeito do desafio de dar escala a novos e sustentáveis arranjos produtivos por meio da inovação e também quais práticas e soluções vêm sendo implementadas.
CEO da Carbonext, Janaina Dallan chamou a atenção para o fato de que povos e comunidades tradicionais ainda são pouco ouvidos e reconhecidos. “Quando a gente chega com o projeto e faz o diagnóstico social, é muito gratificante ouvir e saber o que eles querem. Mais do que isso, eles começam a entender que são muito fundamentais para a proteção da floresta”, comentou. Ao falar sobre crédito de carbono, Janaina comemorou o fato de que, hoje, as pessoas, o setor privado e o governo entendem do que se trata e da sua importância para a manutenção da vida na Terra. “Em 2030, o mercado voluntário de carbono no mundo deve passar de 50 bilhões de dólares, um volume muito significativo e que pode mudar a realidade da floresta”.
Em relação ao financiamento de negócios inovadores, a diretora da Divisão Ambiental, Social e de Governança Corporativa do BID Invest, Angela Miller, anunciou que a Amazônia é uma das principais áreas de foco da instituição. “Estamos financiando apenas projetos alinhados com o Acordo de Paris. Além disso, entre 2016 e 2022 foram investidos milhões de dólares que resultaram em energia renovável e em mais de 600 mil empregados apoiados”, elencou. Angela falou, ainda, do programa guarda-chuva que o BID está lançando, o ‘Amazônia para Sempre’, com foco na preservação ambiental e questões climáticas. “Uma das áreas com muito potencial é a infraestrutura social, ou seja, saúde, educação e bioeconomia são os nossos principais focos”, pontuou Angela.
Representante de um setor extrativista tradicional, o vice-presidente da Organização dos Seringueiros de Rondônia, Sebastião Gonçalves Neves, destacou a necessidade de ampliação do apoio governamental e da iniciativa privada para o fortalecimento das cadeias de produtos como borracha, pirarucu e castanha. “Tem muitos produtos que são de fundamental importância e, mediante estudos científicos, podemos avançar na produção deles”.
Moderado pelo diretor da Agência de Inovação Tecnológica da UFPA, Gonzalo Enríquez, o painel contou ainda com a participação do diretor de Meio Ambiente para Bioeconomia e Clima na ABIHPEC, Fábio Brasiliano, e do diretor de Economia Verde na Fundação Certi, Marcos Da-Ré.
Solução para a Crise climática passa por financiamento e tecnologia, avalia Tony Blair
Um dos participantes mais aguardados da Conferência, o ex-primeiro-ministro da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, Tony Blair, também deixou sua mensagem nessa quinta-feira, 31. Para ele, a solução para a crise climática passa pelo financiamento e pelo investimento em tecnologias que consigam alterar a forma como lidamos com o crescimento econômico.
Ao avaliar a demora da humanidade a reagir às transformações ambientais resultantes da atual forma de produção e consumo, Tony Blair se lembrou de que, em 2004, as energias eólica e solar eram soluções muito caras. “Hoje, ambas são baratas e isso aconteceu em função do progresso tecnológico”, pontuou, para exemplificar a importância de investir em inovação. “O mundo vai continuar a crescer e precisamos continuar a remover as pessoas da situação de pobreza. E como faremos isso de forma sustentável? O equilíbrio entre sustentabilidade e desenvolvimento é que está no cerne dessa questão”, complementou.
Em relação ao financiamento para a transição da economia de baixo carbono, Tony Blair reconheceu a desvantagem dos países em desenvolvimento em relação às metas de redução na emissão de gases de efeito estufa, mas pontuou que essa é uma questão que precisa ser trabalhada por todas as nações. “Os países desenvolvidos criaram o problema, então, historicamente, a responsabilidade está nas mãos deles. Contudo, neles as emissões estão caindo. Até 2030, as emissões dos Estados Unidos e Europa representarão 20% das globais. Em contrapartida, os países em desenvolvimento não criaram o problema e agora querem se desenvolver. Então, as emissões deles começaram a subir. Em 2030, Índia, China e o restante do sudeste asiático contabilizarão 70% das emissões”, ponderou.
No final, o primeiro-ministro deixou uma mensagem positiva para os participantes da Conferência: “O que deve nos alimentar e dar esperança é que a humanidade não criou problemas que estejam além da sua capacidade de resolvê-los. Não vai ser fácil, mas vai acontecer com trabalho duro, comprometimento e um bom plano”.
O terceiro e último dia da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias (1º de setembro) começa com a palestra magna do keynote speaker, Iván Duque, presidente da Colômbia (2018 – 2022). Em seguida, serão mais cinco painéis com temas ligados ao poder público e ao desenvolvimento socioeconômico sustentável, envolvendo sociedade civil, gestores, parlamentares, representantes de organizações não-governamentais e da população amazônica