Uma “nuvem” de fumaça gerada pelas queimadas se espalha pelos estados do Norte do Brasil e por países vizinhos nesta segunda-feira (5), data em que é celebrado o Dia da Amazônia. Uma imagem registrada nesta tarde pelo satélite geoestacionário Goes-16 mostra Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Pará sob o impacto da dispersão dos poluentes.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área coberta pela fumaça abrange cinco milhões de km².
A destruição acumulada em 2022 já é pior do que a verificada no ano passado: desde o começo do ano até domingo (4), Amazônia teve 58 mil focos de queimadas, total que representa 20% a mais do que o registrado no mesmo período do ano anterior.
Dados que ainda serão contabilizados na série histórica mostram a situação nesta tarde de segunda-feira (5): o satélite Aqua detectou 2.706 focos, sendo 913 (34%) no Amazonas, 725 (27%) no Mato Grosso, 638 (24%) em Rondônia, 227 (8%) no Acre, 197 (7%) no Pará e 6 (0,2%) no Maranhão.
Ao contrário das imagens que mostram a situação do solo em tempo quase real, os dados sobre a poluição causada pelas fumaças demoram dois dias para serem consolidados pelo Inpe. Na mais recente (veja acima), feita no sábado (3), é possível visualizar um corredor de poluição cobrindo o Norte, o Centro Oeste e o Sudeste do país. Na imagem, a fumaça aparece em marrom, e os focos de queimadas estão sinalizadas com pequenas cruzes vermelhas aglomeradas.
Queimadas no Pará
Um dos estados mais afetados é o Pará (ver imagens abaixo), onde em apenas quatro dias foram registradas 27% mais queimadas do que em todo o mês de setembro de 2021. No ano passado, foram 3.828 focos de queimadas no mês no Pará. Até domingo, dia 4, os satélites registraram 4.889 pontos de fogo na floresta neste começo de setembro, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
É no Pará que um incêndio resiste a mais de 10 dias em Jacareacanga, no sudoeste do estado. O fogo começou em uma área particular e fugiu do controle, afetando o Refúgio de Vida Silvestre “Rios São Benedito” e “Azul”, chegou ao Onçafari e ao Instituto Raquel Machado, além de provocar a evacuação de pousadas e atingir áreas particulares.
A região atingida pelo fogo fica na divisa do Pará com o Mato Grosso, cerca de 100 km da cidade de Paranaita (MT) às margens do Rio São Benedito, na bacia hidrográfica dos rios Teles Pires e Tapajós, e tem como atrativo o ecoturismo, o turismo de pesca esportiva, além de possuir unidades de conservação, que atrai pesquisadores.