Redação Planeta Amazônia
O território Yanomami, tem quase 10 milhões de hectares. A terra indígena abrange os estados do Amazonas e Roraima e abriga 30 mil indígenas, que convivem com a ameaça de garimpeiros que exploram e degradam a floresta em busca de ouro e cassiterita.
Depois de denúncias dos próprios indígenas, o Greenpeace fez um sobrevoo na região e flagrou a existência de uma estrada clandestina dentro da Terra Yanomami com 150 quilômetros de extensão, próxima à região onde vivem grupos isolados. A estrada dá acesso às áreas de exploração de ouro onde são usadas até de retroescavadeiras.
Retroescavadeiras explorando o território Yanomami. Foto: Valentina Ricardo / Greenpeace
“O que a gente presenciou na Terra Indígena Yanomami nesse momento é o garimpo indo para um patamar diferenciado. A chegada das escavadeiras hidráulicas dá um poder de destruição muito maior a esses garimpeiros”. Disse, Danicley de Aguiar, membro do Greenpeace Brasil.
Durante a operação Guardiões do Bioma, além das quatro retroescavadeiras, fiscais do Ibama também destruíram aviões usados pelos garimpos para acessar a reserva, apreendeu combustível de aviação e armamentos usado pelos criminosos.
O fiscal do Ibama, Hugo Loss, considera que, para impedir o avanço de garimpeiros ilegais da reserva, é necessário que o governo federal implante fiscalização contínua – e não mais somente ações pontuais. .
“Tem que existir também uma ação permanente de fiscalização dentro da Terra Indígena. Com uma ação permanente para coibir todo o garimpo que está lá dentro e também toda a estrutura logística de fora, que dá apoio para o garimpo dentro da [terra] Yanomami.”, afirmou.
A ‘Estrada para o Caos’ atravessa o território Yanomami na Amazônia. Fotografia: Valentina Ricardo / Greenpeace
O garimpo na TI Yanomami
O garimpo ilegal causou uma verdadeira tragédia humanitária dentro da Terra Indígena Yanomami. Demarcada há trinta anos, numa região remota entre o Amazonas e Roraima, o poder público nunca foi capaz de garantir plenamente a defesa desse território e o usufruto exclusivo dos Yanomami.
A primeira invasão garimpeira ocorreu no território na década de 1980, com efeitos catastróficos para aquele povo. Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 1987 e 1990, cerca de 14% dos Yanomami morreram por doenças transmitidas pelos garimpeiros. Além disso, o garimpo causou destruição do leito dos rios, contaminações por mercúrio e óleo diesel e uma série de problemas sociais como violência desenfreada, desestruturação de grupos sociais, exploração sexual infanto-juvenil e trabalhos precarizados.
O relatório “Yanomami sob ataque: garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”, lançado em abril de 2022, afirma que os últimos cinco anos são “o pior momento de invasão desde que a TI foi demarcada e homologada.
Informações mais recentes do Instituto Socioambiental (ISA) mostram que o garimpo já impactou mais de 44 mil hectares do interior da Terra Indígena, fazendo com que seus efeitos indiretos – como aumento dos casos de malária, a violência e contaminação dos rios – afetasse mais de 56% da população Yanomami.
A Hutukara Associação Yanomami afirma que existem hoje cerca de 20 mil garimpeiros dentro do território – uma verdadeira tragédia humanitária e socioambiental. Em 2021, verificou-se que o Primeiro Comando da Capital, o PCC, uma das maiores facções criminosas do Brasil, também estava presente no território Yanomami explorando ouro, traficando drogas e armas; bem como ameaçando de maneira ainda mais séria a vida povos que vivem naquela região.