Redação Planeta Amazônia
Depois da tensão registrada no último fim de semana na TI Yanomami, em Roraima, o governo federal pretende reforçar ações na região. No sábado, houve um ataque a uma das comunidades da Terra Indígena que, de acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami, Júnior Hekurari, teria sido cometido por garimpeiros. O resultado foi a morte de um indígena e mais dois feridos. No domingo, outra ocorrência também foi registrada na região, um confronto entre garimpeiros e agentes da polícia rodoviária federal e do Ibama que resultou na morte de quatro garimpeiros.
Uma comitiva interministerial esteve em Roraima para acompanhar o desdobramento dos casos. As ministras Marina Silva ( Meio Ambiente e Mudança do Clima), Sônia Guajajara( Povos Indígenas) e Nísia Trindade( Saúde), sobrevoaram nessa segunda-feira, 1º de maio, áreas da reserva Yanomami , onde há atividade ilegal do garimpo. A Ministra da Saúde visitou os indígenas que foram feridos durante o atentado. Marina Silva afirmou que o governo não vai recuar diante da violência. “ Não vamos recuar face à criminalidade, vamos reforçar as equipes do Ibama, com suporte das forças armadas e toda a parte operacional, para darmos uma resposta à altura”, garantiu.
Linha de Investigação
O presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse que um dos quatro garimpeiros mortos por agentes de segurança no último domingo, 30, integrava uma facção criminosa com atuação nacional. Essa linha de investigação passou a ser um dos focos de ações de inteligência do governo federal na região.
No local do confronto, segundo a PRF, foi apreendido um arsenal de armas, com fuzil, três pistolas, sete espingardas e duas miras holográficas, além de munição de diversos calibres, carregadores e outros equipamentos bélicos.
A ministra dos Povos Indígenas reforçou que as operações para a retirada dos garimpeiros do território já teve início há 3 meses e agora devem ser intensificadas. “A nossa preocupação é para que tudo aconteça da forma mais pacífica possível. Não estamos incentivando conflitos, queremos minimizar as situações de risco e não queremos, de forma alguma, derramamento de sangue”, ressaltou Guajajara.
Balanço
O Ibama informou que, desde o início da operação, há cerca de três meses, foram destruídos 327 acampamentos de garimpeiros, 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores e dezenas de balsas, barcos e tratores. Também foram apreendidas 36 toneladas de cassiterita, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por criminosos.
Três meses de emergência
Desde janeiro, o Governo Federal mobiliza uma operação interministerial para salvar vidas e garantir o acesso à saúde aos povos Yanomami. Neste período, mais de 13 mil atendimentos de saúde foram realizados aos indígenas encontrados em grave situação de abandono e desassistência.
Um dos desafios mais graves enfrentados pelos Yanomami são os casos de desnutrição e malária. Mas com a adoção de diversas ações pelo Ministério da Saúde, foi possível garantir a recuperação de 63 crianças que estavam com quadro de desnutrição. Outras 26 são acompanhadas, atualmente, na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), com desnutrição moderada, enquanto seis recebem acompanhamento intenso devido ao quadro de desnutrição grave.
O Ministério da Saúde também inaugurou o Centro de Referência em Saúde Indígena no polo base de Surucucu. “A unidade é um grande avanço diante da crise humanitária encontrada no território e vai evitar remoções em grande números, como vinha ocorrendo antes, além de oferecer condição de atendimento e cuidado fundamentais aos indígenas”, destacou a ministra Nísia Trindade.
Os principais problemas de saúde identificados nessa população são malária, pneumonia e desnutrição. Também foram enviados 117 profissionais pelo programa Mais Médicos, sendo 14 para o território Yanomami. Além desses, mais 100 profissionais foram enviados para reforçar o atendimento pela Força Nacional do SUS.
Para enfrentar a malária, a pasta enviou agentes de controle de endemia, com medicamentos e testes rápidos, para realizarem a busca ativa de pacientes com a doença.
Além disso, em parceria com a Funai e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o Ministério da Saúde garantiu a entrega de mais de 18,4 mil cestas básicas, além do envio de 39 mil medicamentos, entre antifúngicos, antibióticos e antiparasitários.