Redação Planeta Amazônia
A fuga de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami às vésperas do início de uma operação das forças de segurança, não irá prejudicar a punição dos responsáveis pelo garimpo ilegal, de acordo com a ministra da pasta do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva (Rede).
O foco do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) será identificar financiadores e fornecedores de maquinário, disse ela hoje, 6.
A fala da ministra explica o acontecido nesse fim de semana, onde vieram a público vídeos de garimpeiros fugindo da Terra Indígena Yanomami após o bloqueio do espaço aéreo decretado pelo presidente Lula.
A ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) afirmou no sábado que o governo dispõe de informações de inteligência que confirmam o êxodo. Já Marina afirmou que o garimpeiro “que carrega trouxa de lama na cabeça” não é o responsável por viabilizar o garimpo ilegal.
“Tem alguém que está bancando isso, não tem? Você consegue imaginar o garimpeiro que carrega a trouxa de lama à cabeça, que é ele que compra aqueles equipamentos, que tem como fornecer o combustível, que fornece a cadeia de alimentos, a infraestrutura de avião?”, disse Marina Silva.
A ministra declarou ainda, que parte do trabalho será feito no âmbito judicial, a partir de investigação da Polícia Federal. Ela afirmou que o cruzamento das apurações de diversos órgãos possibilitará a identificação dos responsáveis. “Tem uma parte que são os fornecedores de equipamentos. Tem uma parte que são aqueles que bancam aquela infraestrutura. Quando são feitos os cruzamentos de várias investigações, você consegue encontrar os culpados”.
A ministra afirmou também, que o governo irá adotar medidas para evitar o deslocamento dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami para outros polos de garimpo ilegal na Amazônia. Segundo ela, a presença da fiscalização inibe esse tipo de deslocamento.
“É trabalhar para que não aconteça o transbordo do garimpo. Mas o transbordo acontece quando eles têm a expectativa do arrefecimento da ação do Estado. Eles sabem que é feita às vezes uma operação que não tem continuidade. Quando você tem uma ação continuada [é diferente]”, conclui a ministra.
Blindar Ibama
Marina Silva quer blindar superintendências do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em estados considerados chave para a pasta. Ela trabalha para impedir indicações meramente políticas nas unidades federativas onde há muita mineração.
De acordo com o site Poder360, os estados onde há floresta Amazônica e o estado de Minas Gerais estão no radar da ministra, esses são locais com pouca vegetação nativa que poderiam ser cedidos em negociações políticas. A ministra debate o assunto com Rui Costa (PT), ministro da Casa Civil, responsável por tomar as decisões mais gerenciais do governo do presidente Lula (PT).
A pasta do Meio Ambiente tenta, ainda, destravar concursos para fiscais e reequipar o Grupo Especial de Fiscalização (GEF), uma tropa que se embrenha na mata para desbaratar operações ilegais e eventualmente entra em conflito com garimpeiros e outros grupos. Desde a campanha, o presidente Lula garante que seu governo inibirá o desmatamento e outras atividades ilegais em florestas, como o garimpo.