Redação Planeta Amazônia
Um fenômeno raro foi registrado por moradores do município de Amapá, cidade com o mesmo nome do Estado, durante o domingo, 7, e nessa segunda-feira, 8. Uma ‘infestação’ de besouros, que impressionou pela quantidade intensa de insetos na região.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Iepa), o principal fator para o fenômeno é a transição do período de estiagem severa para o inverno amazônico, com maior concentração de nuvens e chuvas.
O pesquisador do Iepa, Alexandre Jordão, da área da entomologia, a ciência que estuda os insetos, explica que o fenômeno não é comum para esta classe de besouros, não havendo relatos com esta magnitude no estado e poucos registros no Brasil. Segundo ele, a mudança de estação climática alterou a temperatura e a incidência de luz, ocasionando a infestação.
“Estávamos com falta de chuva, então o tempo secou bastante e a temperatura esteve muito elevada. A chuva apareceu nos últimos dias com mais intensidade. Estávamos na lua cheia com bastante luminosidade, que foi minguando e diminuindo. Com as nuvens cobrindo a lua, cobriu também a luminosidade. Os besouros foram atraídos para aquele local, que estava com refletor,”, explica Jordão.
Os besouros adultos passaram por uma fase larval, quando se desenvolveram por meio do consumo de detritos como restos de madeiras, raízes e matérias orgânicas ao redor. Com a chegada da chuva, eles vieram em grande quantidade.
“O que assusta é a quantidade, que foi bastante intensa. Aquele local é de pecuária, onde se cultiva pastagem, rica em detritos, onde as larvas se desenvolveram”, pontua Jordão.
Por terem o aparelho bucal mastigador, esta espécie de besouro não transmite doenças a humanos. Em pessoas sensíveis, há a possibilidade de pequenas alergias por conta dos detritos que eles carregam, porém não houve relatos na ocasião. Para aprofundar os entendimentos sobre o fenômeno, o Iepa vai realizar a identificação taxonômica da espécie, com coleta e análise de amostras.
Danos à agricultura
De acordo com Adriano Luz, técnico do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural (Rurap), que trabalha e reside no município de Amapá, a infestação não deve ser considerada como uma praga de lavoura e não ocasionou danos às plantações.
“Essa incidência de besouros geralmente acontece no início do inverno. A ocorrência desse ano foi maior que nos anos anteriores, mas é algo que não se prolonga. Não tivemos relatos de prejuízos em áreas de lavoura”, explica Luz.
Alimentação animal
Besouros são ricos em quitina, substância comum em artrópodes. Existem estudos brasileiros que trabalham insetos triturados como forma de alimentação animal, segundo Jordão, a melhor forma de reaproveitar a grande quantidade dos besouros.
“Quando triturados, eles podem ser constituintes de rações para peixes na piscicultura, ou para rações dadas a equinos, bovinos e suínos”, destaca o pesquisador.