Redação Planeta Amazônia
O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) assinou um Termo de Cooperação com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) para unir forças à defesa da floresta e de suas populações na Amazônia. O momento, considerado histórico pelos representantes das duas instituições, ocorreu durante a abertura do 1º Encontro de Segurança e Proteção dos Guardiães da Floresta, que aconteceu entre os dias 13 e 16 de fevereiro na sede da FAS, no bairro Parque Dez, zona centro-sul de Manaus.
O Termo de Cooperação também tem o objetivo de fortalecer a luta das populações extrativistas da Amazônia na proteção territorial, sustentabilidade financeira e em ações de educação, saúde, produção, comunicação e emergências climáticas.
“Nós entendemos que é muito importante ampliarmos nossas alianças. Há 40 anos Chico Mendes já falava que não chegaríamos a lugar nenhum se trabalhássemos de forma isolada. Sabemos a importância que a FAS tem na questão das políticas de desenvolvimento da Amazônia, a partir da proteção das florestas, dos povos da floresta, além da valorização da cultura e dos costumes das populações tradicionais”, destaca o presidente da CNS, Júlio Barbosa.
Para o superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana, a assinatura do Termo de Cooperação representa um marco importante na defesa das populações tradicionais indígenas e quilombolas. “Nós queremos unir, de certa forma, a qualificação da demanda, a interlocução bem representada das populações tradicionais – que são os guardiões da floresta – com a capacidade de gestão de projetos, de formulação em torno de um propósito comum”, afirma Virgilio.
Júlio Barbosa aposta no sucesso da parceria e, principalmente, na contribuição da FAS no trabalho do CNS para a defesa dos povos e territórios. “A Fundação começou no Amazonas e hoje tem uma política voltada para a Amazônia como um todo, tratando de políticas voltadas para tirar essas populações do isolamento, mas principalmente voltadas para a valorização da nossa sociobiodiversidade”, destaca.
“Esse Termo de Cooperação traz, de um lado, uma instituição que tem uma enorme representatividade junto às populações tradicionais de diferentes tipos da Amazônia inteira, que é o CNS, e, de outro, a FAS, que é uma instituição que está celebrando 15 anos de vida e que desenvolveu uma tecnologia e uma competência na área de gestão de projetos, tanto na formulação, quanto na captação de recursos”, frisa Viana.
Cenário oportuno
O cenário político nacional, com a mudança de comando do Governo Federal, também é sinal de ventos mais favoráveis ao planejamento conjunto. “Passamos quatro anos de turbulência total, mas felizmente atravessamos essa fase e agora temos toda a oportunidade de nos fortalecer com o novo governo, que tem preocupação com a questão ambiental, com os povos mais necessitados do Brasil e, principalmente, da nossa população amazônica”, afirma Julio Barbosa.
Com 37 anos de existência, o CNS é uma organização de âmbito nacional que representa trabalhadores agroextrativistas organizados em associações, cooperativas e sindicatos. Seu Conselho Deliberativo é formado por 27 lideranças de diferentes segmentos agroextrativistas de todos os nove estados da Amazônia Legal. Desde que assumiu o comando do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a ministra Marina Silva tem mantido um canal amplo de diálogo com os movimentos sociais.
Nas primeiras semanas de janeiro, Marina Silva abriu espaço na sua agenda para reunir com a diretoria do CNS, do Memorial Chico Mendes (MCM) e do Comitê Chico Mendes. Para a Secretaria de Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, indicou Edel Moraes. Pertencente de comunidades extrativistas do Pará, Edel foi a primeira mulher a ser vice-presidente do CNS, por dois mandatos, e vice-presidente do Memorial Chico Mendes.