Por Redação Planeta Amazônia
Imagino que pra maioria a resposta seria não. Mas é cada vez maior o número de pessoas que enfrentam todas as dificuldades da região, como condições de acesso e estrutura de apoio pra, às vezes, um único encontro com pássaros raros. O território do Acre entrou no roteiro desse aventureiros observadores de aves. Em toda a Amazônia estima-se a existência de mais de 1200 espécies de aves. Só no Acre existem o registro de cerca de 800.
A avifauna do território acreano está inserida no centro de endemismos Inambari, um centro de endemismo é uma determinada região geográfica que contém espécies que só ocorrem ali. Dessa forma, o Acre apresenta muitas espécies que os adeptos do birdwatching (observadores de pássaros) precisam vir até aqui para registrá-la.
Um outro fator que mexe com imaginário diz respeito ao grande hotspot (ponto de acesso) amazônico, sendo uma fronteira de biodiversidade, muitas espécies foram descritas pela primeira vez para a ciência. Entre elas, recentemente, a choca-do-acre e a maria-sebinha-do-acre.
O agrônomo pernambucano, Ricardo Plácido, que mora no Acre a 25 anos, há 12 anos se dedica ao trabalho de guia dessas pessoas que visitam o Estado. Segundo ele, a observação de aves se encaixar no que se chama atualmente de ciência-cidadã, ou seja, o cidadão comum contribuindo com informações científicas.
As 3 principais rotas no Acre
Apesar de mais áreas com grande potencial precisarem de estruturação para a recepção de observadores de aves, atualmente, o Acre possui ao menos 3 roteiros consagrados e muito requisitados nacionalmente e internacionalmente.
Em Rio Branco na zona rural o Ramal do Noca km 45 da rodovia AC 90 (Transcreana) indiscutivelmente é um dos maiores hotsposts. Com espécies com distribuição altamente restritas como o flautim-rufo, ferreirinho-de-cara-branca, barbudo-de-coleira e tucaninho-de-nariz-amarelo e periquito-da-amazônia. Desde 2015, grupos diversos visitam essas matas do riozinho do Rola.
Na área urbana, o Parque Zoobotânico na UFAC (Universidade Federal do Acre) é local certo e imediato para visitação. Atualmente, um novo local passou a ser rota para esses grupos, a APA (Área de Proteção Ambiental)Lago do Amapá, em Rio Branco. A presença da sovela-vermelha ou ariramba-castanha é a principal espécie que atraem esses grupos. A espécie foi descrita na bacia do rio Purus e antes os grupos precisavam se deslocar até Manoel Urbano há 240 km da capital para ver a espécie e com a descoberta da presença dela nos arredores de Rio Branco, se tornou mais fácil contemplá-la.
O terceiro principal ponto de visitação no estado é o Parque Nacional da Serra do Divisor. Considerado por muitos como um dos locais com maior concentração de biodiversidade do planeta. Além disto, recentemente em 2004 foi descrito lá a choca-do-acre • Acre Antshrike (Thamnophilus divisorius), uma espécie de pássaro que só ocorre nas parte altas do PNSD. Isso atrai a atenção não só de observadores de aves mas também de pesquisadores como um todo.
“Até 2016 a choca-do-acre não havia sido localizada na Serra do Divisor para o público em geral, o que se sabia era que tinha sido descoberta lá, mas ninguém tinha encontrado depois dos pesquisadores. Em 2016, foi feita uma expedição para localizar a choca-do-acre e a partir disso, as portas do Parque foram abertas para os observadores virem registrar a espécie. Mas não só isso, outras espécies raras e capazes de atrair praticantes também foram localizadas e um conjunto de espécies são as grandes estrelas do Parque. Além claro, da possibilidade de novos registros puderem ser feitos. A região assim mexe com o imaginário do público.
De lá pra cá diversos grupos visitaram o Parque todos os anos e mais espécies interessantes para a prática foram encontradas e registradas, com registros novos para o Acre e para o Brasil. Afirmou, Ricardo Plácido.