Redação Planeta Amazônia
Lideranças indígenas, quilombolas e extrativistas da Amazônia Legal se reuniram em Brasília, entre os dias 14 e 17 de junho, para apresentar 18 planos de adaptação climática a representantes de ministérios do governo federal e a fundos comunitários. As propostas foram desenvolvidas ao longo de cinco meses como parte do projeto Juventude pelo Clima, promovido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com apoio do Fundo de Defesa do Meio Ambiente (EDF, na sigla em inglês) e parceria da organização Cultural Survival.
Os planos têm como objetivo responder aos impactos crescentes das mudanças climáticas nos territórios tradicionais. Entre os principais problemas mapeados pelas comunidades estão a estiagem prolongada, elevação da temperatura, queimadas, instabilidade de chuvas, diminuição da produção de alimentos e insegurança na posse da terra.
“O projeto e os planos de adaptação resultantes vêm como uma forma de combater as mudanças do clima a partir dos territórios. As ações locais são fundamentais diante dos efeitos sentidos diretamente pelas comunidades,” destaca a pesquisadora do IPAM, Martha Fellows.
As estratégias apresentadas foram elaboradas de forma colaborativa, com apoio técnico e bolsas de pesquisa viabilizadas pelo EDF. Os representantes do poder público reconheceram a relevância das propostas e se comprometeram a encaminhá-las às respectivas pastas ministeriais.

Entre os projetos, destacam-se ações como o reflorestamento com espécies nativas no território quilombola de Campo Redondo (MA), liderado por Fernando José Neves, e a criação de hortas comunitárias para replantio de plantas medicinais no território indígena de Alter-do-Chão (PA), proposta por Rilary Borari.
“Essa iniciativa traz uma vivência coletiva. Muitas vezes enfrentamos os perrengues sem conversar. Essa oportunidade nos uniu para refletir e propor soluções,” afirmou Fernando, ao relatar o envolvimento da sua comunidade.
Beatriz Saldanha, representante do EDF, reforçou a importância do protagonismo juvenil: “Essa juventude vai herdar muitos problemas deixados pelas gerações anteriores. O engajamento deles é essencial para conter os avanços da crise climática, e nós estamos aqui para apoiar.”
As metas estabelecidas nos planos se concentram no fortalecimento da resiliência comunitária e na busca por soluções baseadas na natureza e nos saberes tradicionais. O encontro em Brasília marcou uma etapa decisiva para transformar ideias em políticas públicas.