Um processo inédito que aumenta a pressão sobre as multinacionais presentes no Brasil, em especial, as que lidam com o agronegócio, começa nesta quinta-feira (9). Onze organizações ambientais francesas e de povos indígenas do Brasil e da Colômbia acusam o grupo Casino, dono do Pão de Açúcar e do colombiano Éxito, de comercializar produtos ligados a violações ambientais e dos direitos humanos em suas filiais pelo mundo.
A acusação é de que a gigante varejista francesa não cumpre uma lei pioneira da França, de 2017, segundo a qual as companhias com mais de 5 mil funcionários têm um ‘dever de vigilância’ quanto a violações ambientais e dos direitos humanos nas suas filiais pelo mundo.
Um relatório do Centro para Análises de Crimes Climáticos (CCCA), baseado em Haia (Holanda) e divulgado na semana passada, aponta que produtores que fornecem gado a três unidades controladas pela JBS em Rondônia foram responsáveis pelo desmatamento ilegal de 50 mil hectares da Amazônia, incluindo áreas da reserva do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau.
Na justiça francesa, os indígenas pedem mais de € 3,1 milhões de indenização pelos prejuízos e danos morais provocados pelas atividades ilegais. Uma comitiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) está na capital francesa para realizar um protesto em frente ao Tribunal Judiciário de Paris, onde a primeira audiência da ação aberta em março de 2021 vai detalhar o calendário processual daqui para a frente.
O grupo Casino afirma que aplica uma ‘política muito rígida’ para garantir a rastreabilidade da carne bovina que coloca à venda, apesar das limitações legais e administrativas que ainda existem no Brasil e que, segundo o advogado da empresa Sébastien Schapira, impedem um monitoramento mais completo. Ele lamenta que os ambientalistas tomem o Pão de Açúcar como alvo, enquanto outros varejistas permanecem indiferentes aos critérios ambientais.
Fonte: CBN / Foto: Gabriel Pupo Nogueira/ Embrapa